05/12/2008

A felicidade é contagiante, dizem cientistas

Redação do Diário da Saúde
A felicidade é contagiante, dizem cientistas
Este gráfico mostra a rede de amigos, esposas e filhos pesquisados. As cores indicam a felicidade de uma pessoa, com azul para triste, amarelo para feliz e tons de verde para os estados intermediários.
[Imagem: James Fowler, UC San Diego]

Contagiante como um sorriso

Um sorriso pode ser contagiante. Você não precisa de um sofisticado estudo científico para lhe dizer isto. Mas será que a felicidade se espalha tão rapidamente quanto um sorriso?

A resposta é um sorridente sim, de acordo com uma pesquisa feita por James Fowler (UC San Diego) e Nicholas Christakis (Harvard Medical School). Sua pesquisa acaba de ser publicada no British Medical Journal.

A felicidade é contagiante

A felicidade se espalha de forma muito ampla ao longo de uma rede social, atingindo não apenas as pessoas diretamente envolvidas, mas pessoas com até três graus de afastamento da pessoa que é a "fonte da felicidade".

Os cientistas também descobriram que a felicidade se espalha muito mais rapidamente do que a tristeza e a depressão e parece ter um efeito muito mais poderoso até mesmo do que o dinheiro.

Estudos científicos sobre a felicidade

"Os cientistas se interessam pela felicidade há muito tempo," explica Fowler.

"Eles já estudaram o efeito de tudo, incluindo ganhar na loteria, perder o emprego e ficar doente, mas até agora nunca ninguém considerou o efeito total da felicidade sobre as outras pessoas. Nós mostramos que a felicidade pode se espalhar de uma pessoa para outra pessoa, para outra pessoa, e assim por diante, em uma reação em cadeia através de todas a rede social."

"Um dos principais determinantes da felicidade humana é a felicidade dos outros," afirma Christakis, o outro autor do estudo. "Uma característica inovadora do nosso trabalho foi explorar a idéia de que as emoções são um fenômeno coletivo e não apenas um fenômeno individual."

Na pesquisa, eles usaram técnicas para avaliar a felicidade de 4.739 pessoas de 1983 a 2003, recriando a rede social na qual elas estavam inseridas. Para medir o bem-estar emocional das pessoas, eles se basearam nas avaliações dos participantes quanto a quatro afirmativas: Eu sou otimista quanto ao futuro. Eu sou feliz. Eu curto a vida. Eu sinto que sou tão bom quanto todas as outras pessoas.

O benefício de amigos felizes

A pesquisa mostrou que a felicidade adora companhia. Pessoas felizes tendem a se reunir e, de forma geral, pessoas com mais contatos sociais parecem ser mais felizes. Contudo, apenas o número de contatos não explica a felicidade de alguém.

Em média, cada amigo feliz aumenta sua própria chance de ser feliz em 9%. Cada amigo infeliz diminui essa chance em 7% - ou seja, a felicidade é mais contagiante do que a infelicidade.

Segundo os pesquisadores, a felicidade se espalha em uma rede social atingindo pessoas com até três graus de separação. Você tem 15% mais probabilidade de ser feliz se for diretamente conectado a uma pessoa feliz; 10% se seu amigo tiver um amigo feliz; e 6% se seu amigo tiver um amigo que tenha um amigo feliz.

Felicidade é melhor do que dinheiro

"Os efeitos que observamos podem não parecer tão grandes a princípio, mas considere que uma renda extra de U$5.000,00 foi associada a um aumento de apenas 2% na felicidade e você verá que o poder das outras pessoas é incrível. Alguém que você não conhece e com quem nunca se encontrou - o amigo de um amigo de um amigo - pode ter uma influência em sua felicidade maior do que milhares de dólares a mais em seu bolso," diz Fowler.

Estrutura das conexões interpessoais

A estrutura das conexões interpessoais também importa, com a posição de cada pessoa nesta rede impactando de forma significativa o quão felizes elas são.

De acordo com o estudo, a felicidade das pessoas depende não apenas de quantos amigos eles têm, mas também de quantos amigos seus amigos têm. Em termos de redes sociais, isto é conhecido como "centralidade." E, quanto mais central uma pessoa for - quanto mais conectados forem seus amigos ou quanto mais amplo for seu círculo social - mais provável é que ela venha a ser uma pessoa feliz.

O efeito não funciona no sentido inverso: tornar-se uma pessoa feliz não alarga seu círculo de amizades.

A felicidade mora ao lado

Os cientistas também estudaram o que acontece com a felicidade em relação à distância. Quando um amigo que mora a uma milha de distância (1,6 km) se torna feliz, isso aumenta a probabilidade da pessoa se tornar feliz em 25%. Amigos que moram mais longe não têm efeito tão significativo.

"Nós acreditamos que a difusão das emoções tem um aspecto psicobiológico fundamental," diz Christakis. "A interação pessoal física é necessária, de forma que o efeito decai com a distância."

O efeito também decai com o tempo.

Responsabilidade sobre a própria felicidade

Essa pesquisa tem várias implicações práticas, uma das quais sendo o fato de que cada um deve assumir uma maior responsabilidade sobre sua própria felicidade porque isso afeta dezenas de outras pessoas.

"A busca da felicidade não é um objetivo solitário. Nós estamos conectados, e esta é a nossa alegria," diz Fowler.

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