14/07/2011

Uso de alimentos refinados aumenta risco de doenças

Alexandro Mota e Luana Ribeiro

Terapêutica natural

Há 35 anos, os cursos de medicina consideravam o diabetes como uma doença que atingia geralmente idosos. Atualmente crianças nascem diabéticas.

Na Alemanha, há 100 anos, a cada trinta pessoas, uma tinha câncer; as estatísticas recentes na Europa apontam que, a cada três pessoas, uma teve, tem ou terá a doença - nos Estados Unidos o grupo é reduzido para duas pessoas.

Essas são algumas das constatações do especialista em terapêutica natural, Dr. Fernando Hoisel, da Universidade Federal da Bahia.

Alimentos terapêuticos

O especialista foi enfático ao relacionar o modo de vida, em especial os costumes alimentares, após a Revolução Industrial, ao crescimento exponencial dos casos de doenças cardíacas, obesidade, diabetes e câncer.

Para Hoisel, que tem 35 anos de atuação na área, nas últimas quatro décadas os hábitos alimentares da humanidade mudaram mais do que nos 40 mil anos anteriores.

O especialista destaca a importância de levar informação para a população e desmistificar preconceitos existentes sobre o consumo de alimentos de modo terapêutico e sobre alimentação saudável.

Perigo dos alimentos refinados

A farinha de trigo refinada - que substituiu a farinha integral por oferecer maior durabilidade - e o açúcar e o sal refinados - que após o processo de refinamento perdem mais de 80 nutrientes e ganham sete substâncias duvidosas que lhes conferem o aspecto conhecido (branco e seco) - são, para Hoisel "os três assassinos brancos" e correspondem aos principais vilões da saúde.

Ao passo que esses alimentos tornaram-se comercialmente viáveis, aumentou-se a distribuição e o consumo. Dados trazidos pelo especialista indicam, por exemplo, que o consumo de açúcar que 80 anos atrás era de 4kg ao ano por pessoa, atualmente é em média 70 kg/ano por pessoa.

Outro fator é o uso dos agrotóxicos no cultivo dos alimentos.

Para Hoisel, que integra o Movimento de Agricultura Orgânica, o efeito medicinal de frutas e verduras é muito maior do que os possíveis efeitos nocivos dos produtos químicos aplicados. Ele ainda alerta que o uso desses produtos em carnes e laticínios tem sido muito maior do que o presente em frutas e verduras.

Medicina tradicional

Fernando Hoisel queixa-se em relação ao modo tradicional de atuar e ensinar medicina.

Ele questiona, inclusive, essa tradição, justificando que a medicina com plantas e alimentação é anterior à medicina "sustentada pela indústria farmacêutica, que vive da cronificação das doenças".

Outro ponto de desacordo apresentado se refere à exclusão de disciplinas que estudam o uso de alimentos e plantas no curso de medicina. "Não são os remédios que dão saúde, o que dá saúde é deixar de fazer aquilo que está causando a doença", declara.

Doenças em números

Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam que a proporção de brasileiros diagnosticados com hipertensão arterial cresceu de 21,5%, em 2006, para 24,4%, em 2009.

A mesma pesquisa reforça o que Fernando Hoisel afirma: o acesso à informação é um facilitador à melhor condição de vida. Entre os adultos com até oito anos de educação formal, 31,5% declaram que têm hipertensão. O percentual cai para 16,8% se considerado o grupo de pessoas de nove a 11 anos de instrução.

No mesmo ano, a edição 2009 da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) indica aumento dos casos de obesidades: dos 54 mil entrevistados, 46,6% foram considerados com excesso de peso e 13,9% com obesidade - o que corresponde a um crescimento de quase 4% no primeiro caso e de 2,5% no segundo, comparando os anos de 2006 e 2009.

Os números também são alarmantes para casos de diabetes, segundo o Ministério da Saúde, 5,8% da população a partir dos 18 anos têm diabetes tipo 2, o equivalente a 7,6 milhões de brasileiros.

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