07/07/2016

Amígdala reage antes que ameaça seja consciente

Redação do Diário da Saúde
Amígdala reage antes que ameaça seja consciente
Como é difícil visualizar a amígdala pelas técnicas de imageamento cerebral tradicionais, os pesquisadores espanhóis aproveitaram o voluntariado de pacientes que receberam implantes cerebrais para tratamento da epilepsia.
[Imagem: Stephan Moratti]

Amígdalas cerebelosas

A amígdala no cérebro humano é capaz de detectar ameaças no ambiente visual em escalas de tempo ultrarrápidas, muito mais rapidamente do que a pessoa detecta de forma consciente.

As amígdalas cerebelosas são duas estruturas arredondadas, com cerca de dois centímetros de diâmetro, formadas por neurônios da chamada substância cinzenta, alojadas profundamente no cérebro. Ainda se sabe pouco sobre elas, mas tem sido comum sua associação com emoções de medo, por um lado, e em processos ligados à sociabilidade, por outro.

Medindo a atividade elétrica na amígdala de pacientes que haviam recebido implantes com eletrodos a fim de diagnosticar a epilepsia, os pesquisadores puderam coletar novos dados sobre como a informação viaja entre as redes visual e emocional no cérebro.

Órgão das emoções

E, pela primeira vez, se constatou que esta área do cérebro é capaz de extrair informações sobre estímulos biologicamente relevantes da cena visual, e de forma muito rápida, antes mesmo que as informações visuais mais precisas possam chegar do neocórtex.

Dessa forma, a amígdala é capaz de trabalhar com uma informação visual ainda grosseira, detectando se essa imagem transmite informações relevantes de ameaça, disparando a expressão de medo.

"A amígdala tem uma localização privilegiada no cérebro, sendo uma das estruturas mais conectadas. Ela envia e recebe projeções de áreas do cérebro em diferentes níveis e, ao mesmo tempo, é capaz de desencadear indiretamente alterações fisiológicas e respostas do sistema nervoso autônomo," explica Constantino Méndez-Bértolo, pesquisador das universidades Complutense (UCM) e Politécnica de Madrid (UPM), ambas na Espanha.

Difícil de estudar

Se a localização da amígdala é "privilegiada" para permitir sua atuação, é também uma pedra no sapato dos cientistas, que não conseguem estudá-la direito com as técnicas tradicionais de neuroimagem.

Este estudo foi feito com pacientes que haviam recebido eletrodos no cérebro, o que abriu uma janela sem precedentes para o estudo. O que se espera é que o desenvolvimento de novas técnicas de imageamento cerebral possam no futuro permitir desvendar melhor o papel das amígdalas, por onde parecem passar todos os tipos de reações emocionais.

Os resultados foram publicados na revista Nature Neuroscience.

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