06/09/2011

Portadores de Asperger não têm plena compreensão sobre a morte

Com informações da Agência USP
Portadores de Asperger não têm plena compreensão sobre a morte
Esses pacientes apresentam dificuldades na comunicação, abstração e socialização e compreendem apenas alguns aspectos da morte.
[Imagem: Ag.USP]

Compreensão da morte

Questionada sobre a morte de uma namorada, as pessoas com síndrome de Asperger ou autismo de alto grau limitam-se a substituí-la por outra.

Elas não conseguem prever o próprio comportamento diante de uma situação hipotética.

Isso acontece devido à forma peculiar como estas pessoas se relacionam com o mundo.

Inseridas no espectro do autismo, elas apresentam dificuldades na comunicação, abstração e socialização, e compreendem apenas alguns aspectos da morte.

Dimensões da morte

Um estudo realizado no Instituto de Psicologia (IP) da USP comparou jovens, com idade média de 19 anos, e concluiu que portadores da síndrome de Asperger conseguem entender melhor a morte do que os deficientes intelectuais leves, mas apresentam prejuízo neste conceito quando comparadas às pessoas sem psicopatologia.

A psiquiatra Letícia Calmon Drummond Amorim apoiou-se sobre o conceito de morte de Jean Piaget. "Segundo o epistemólogo, enquanto se desenvolve, a criança apreende as três dimensões do conceito de morte: universalidade (todos os seres vivos morrem), irreversibilidade (não há retorno à vida), e não-funcionalidade (as funções vitais acabam com a morte)" relata a pesquisadora.

Letícia percebeu que, em quaisquer das três dimensões, o grupo de pessoas com síndrome de Asperger tinha o conceito de morte prejudicado em relação ao grupo de voluntários sadios.

Mas eles se saíram melhor do que o grupo com deficiência leve nas dimensões universalidade e não funcionalidade. E, assemelharam-se a este último grupo apenas em não compreender sobre o entendimento quanto à irreversibilidade.

Dificuldade em entender a morte

A psiquiatra diz que "pessoas do espectro do autismo não conseguem ter uma compreensão ampla sobre a morte, por terem déficits na teoria da mente [saber se colocar no lugar do outro e prever suas ações], da coerência central [não conseguem perceber o contexto geral, pois focam em detalhes] e da função executiva [planejar estratégias para resolver o problema]".

Por exemplo, ao ser questionada sobre o que aconteceria se morresse, a pessoa limita-se a responder que não sabe, pois nunca morreu.

Já em relação à coerência central, por exemplo, ao se mostrar uma fotografia com vários animais e perguntar o que esta pessoa está vendo, ela irá responder o animal que lhe chama mais atenção, em vez de falar que há vários animais diferentes - ela não consegue observar a foto em sua totalidade.

Por fim, quanto à função executiva, pessoas do espectro do autismo tendem a solucionar problemas apenas por repetição de atos ou por meio de atitudes objetivas, pois não conseguem elaborar estratégias viáveis, de forma abstrata, para resolvê-los.

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