26/01/2016

Ataques de raiva são doença do cérebro ou mau comportamento?

Redação do Diário da Saúde
Ataques de raiva são doença do cérebro ou mau comportamento?
A nossa compreensão do cérebro é absolutamente rudimentar em comparação com o nosso entendimento de outros órgãos. Mas os problemas são ainda maiores quando se tenta explicar os comportamentos humanos.
[Imagem: NSF/Thinkstock]

Transtorno Explosivo Intermitente

A região frontolímbica do cérebro, que contém estruturas que regulam as emoções, tem uma forte correlação com o comportamento agressivo.

Indivíduos com Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) - comumente conhecidos como "ataques de raiva" - têm volume de massa cinzenta nestas estruturas cerebrais significativamente menores.

Para Emil Coccaro e seus colegas da Universidade de Chicago (EUA) esta é a palavra final, tanto que eles chegaram a afirmar que "essas pessoas têm cérebros emocionais menores" depois de comparar pessoas que têm surtos de raiva e pessoas emocionalmente mais equilibradas.

"O Transtorno Explosivo Intermitente é definido no DSM-5 como agressão impulsiva recorrente e problemática. Embora mais comum do que o transtorno bipolar e a esquizofrenia combinados, muitos na comunidade científica e leiga acreditam que a agressividade impulsiva é simplesmente um 'mau comportamento' que requer uma 'atitude de ajuste'. No entanto, nossos dados confirmam que o TEI, como definido pelo DSM-5, é uma desordem cerebral e não simplesmente uma doença de 'personalidade'," comentou Coccaro.

Mas a conclusão está longe de ser unânime na comunidade médica - para muitos, ela faz parte do rol cada vez maior das doenças inventadas.

Polêmica

Em seus dados, Coccaro e seus colegas encontraram uma significativa correlação negativa entre as medidas de agressão e agressividade e do volume cerebral da região frontolímbica.

Eles usaram imagens por ressonância magnética de 168 indivíduos, sendo 57 indivíduos com TEI, 53 indivíduos de controle saudáveis e 58 indivíduos de controle psiquiátricos.

O estudo não visava buscar tratamentos para o transtorno, mas apenas reforçar sua caracterização como uma doença, descrevendo-a fisiologicamente, em contraposição à caracterização como "problema comportamental" defendido por outros pesquisadores.

Por outro lado, inúmeros estudos demonstram que o comportamento pode moldar o cérebro, por meio da plasticidade cerebral, o que coloca a questão de o que veio primeiro: a agressividade ou a alteração volumétrica no cérebro. Este é um debate que está longe do final.

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