20/07/2017

Bactérias tornam-se armas contra doenças transmitidas por pernilongos

Com informações da Agência Fapesp

Mudando o alvo

Os tão danosos pernilongos transmissores da dengue, zika, febre amarela, chikungunya, malária, e várias outras doenças, podem carregar dentro de si mesmos uma arma que poderá impedir que eles transmitam doenças para os seres humanos.

Assim como os humanos, os mosquitos abrigam em seus intestinos uma enorme variedade de bactérias.

O que agora se descobriu é que pode ser possível ajustar o perfil desse microbioma para tornar os insetos mais resistentes à infecção pelos vírus, que não lhes fazem mal, mas que eles posteriormente transmitem aos seres humanos.

"Até agora, as doenças transmitidas por vetores, especialmente a dengue, têm sido combatidas basicamente com a aplicação de inseticidas e modificações ambientais, como eliminação de criadouros do mosquito transmissor. Embora esses métodos tenham alcançado algum sucesso, há uma dificuldade logística de mantê-los no longo prazo e, por isso, os retrocessos são frequentes. Existe a necessidade de desenvolver novas estratégias de controle," disse o professor George Dimopoulos, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg (EUA).

Bactérias contra vírus

A equipe de Dimopoulos usou uma espécie de néctar artificial para alimentar pernilongos das espécies Aedes aegypti (transmissor dos vírus da dengue, zika, febre amarela e chikungunya) e Anopheles gambiae (transmissor do parasita da malária) e, assim, colonizar seus intestinos com bactérias do gênero Chromobacterium.

O experimento mostrou que o microrganismo reduziu drasticamente a sobrevivência tanto de larvas quanto de mosquitos adultos. Além disso, os espécimes sobreviventes tornaram-se menos suscetíveis à infecção pelo vírus da dengue, no caso do Aedes, e pelo Plasmodium falciparum, no caso do Anopheles.

"A ideia seria desenvolver um biopesticida, feito com essas bactérias naturalmente encontradas no solo e inofensivas à saúde humana. Poderíamos borrifar no ambiente, como um inseticida, ou explorar a preferência dos insetos por açúcar e criar um néctar artificial para ser colocado em dispositivos que atraem mosquitos. Também seria possível usar essa mesma bactéria para criar pastilhas, que podem ser colocadas nos criadouros e atingir as larvas", explicou Dimopoulos.

Em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, também estão sendo testadas no controle da dengue outras abordagens que exploram bactérias do gênero Wolbachia.

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