18/10/2012

Bomba cardíaca nacional pode salvar vida de pacientes do SUS

Com informações do Jornal da Unicamp
Bomba cardíaca nacional pode salvar vida de pacientes do SUS
A bomba cardíaca baixo custo desenvolvida por pesquisadores brasileiros pode até mesmo substituir o transplante.
[Imagem: Instituto Dante Pazzanese/Antônio Scarpinetti]

Bomba para o coração

Uma esperança para os pacientes que aguardam nas longas filas por um transplante de coração já começa a se tornar realidade, principalmente para a população atendida nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

Trata-se de uma bomba de sangue de baixo custo desenvolvida por pesquisadores brasileiros.

O esforço reúne médicos e engenheiros da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em parceria com o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, com o Centro de Tecnologia da Marinha do Brasil e com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Coração brasileiro

O dispositivo, ainda em fase de testes, é o primeiro do país a empregar somente tecnologia nacional.

Isso permitirá redução significativa nos custos de produção do equipamento, segundo o pesquisador Bruno Utiyama da Silva, que está construindo o aparelho.

"Atualmente, as bombas de sangue são utilizadas por pouquíssimos pacientes no Brasil devido aos preços inviáveis para grande parcela da população. Na maioria das vezes, os dispositivos são importados dos Estados Unidos a valores que podem variar de R$ 120 mil a R$ 800 mil.

"Fazendo uma estimativa, com este modelo será possível trabalhar ao custo final de 10% do preço da bomba mais acessível norte-americana, ou seja, R$ 12 mil", estima o pesquisador.

Com ou sem transplante

"O transplante de coração é um procedimento extremamente complexo e que acaba sendo a única saída para muitos doentes, sobretudo para aqueles com insuficiência cardíaca. O problema é a espera, que é longa.

"Portanto, quando o coração natural já não é mais capaz de manter as funções cardiovasculares e também não há doador, a tendência é que essa pessoa morra.

"O dispositivo proposto manteria o paciente vivo até que ele consiga fazer o transplante. Ou então, no caso de uma boa adaptação, essa pessoa poderia, inclusive, ficar com a bomba, já que o transplante envolve uma série de riscos", explica o pesquisador.

Dr. Jatene

Os primeiros testes da nova bomba foram realizados pelo médico e cientista Adib Jatene, respeitado internacionalmente pela sua atuação na área cardiovascular, também participou do estudo.

"Os testes foram feitos diretamente pelo doutor Jatene. A bomba foi implantada no coração de um cadáver de animal. Este teste serviu para avaliar se, por conta do seu tamanho, a bomba poderia causar algum dano nos órgãos próximos. Foram feitos alguns ajustes e o dispositivo se adequou perfeitamente.

"A bomba foi testada também em um sistema de bancada, que simulou os batimentos e fluxo sanguíneo de um coração doente. Verificamos ainda possíveis danos aos glóbulos vermelhos. Por enquanto, foi tudo um sucesso", resume o professor Carlos Suzuki, orientador do trabalho.

A próxima etapa, de acordo com ele, é implantar o dispositivo em um animal vivo. "Uma vez passando por esta experiência, aí sim começam os testes em humanos. Esse teste precisa do aval da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e de um comitê de ética federal [Comitê Nacional de Ética em Pesquisa - Conep]. Feito isso, uma empresa poderá produzir e comercializar o equipamento", planeja o professor Suzuki.

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