06/01/2010

Butantan testará tecnologia que duplica poder da vacina contra gripe suína

Bruno Bocchini - Agência Brasil

Vacina turbinada

O Instituto Butantan começa a realizar nos próximos dias ensaios clínicos para testar a eficiência de uma substância que pode dobrar o poder da vacina contra a influenza A H1N1 - gripe suína - o que faria com que o custo das doses caísse pela metade. Desenvolvida e patenteada pelo instituto, a substância adjuvante já foi testada em outras vacinas e mostrou eficiência.

"Com esse produto, a vacina fica com o poder imunogênico duplicado, ou seja, com metade da dose, imuniza-se uma pessoa", explicou o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata.

Multiplicação das vacinas

Para o início dos testes, é necessária ainda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Barata espera uma aprovação rápida da agência e o início da produção com a substância em março.

"Se o teste der certo - já sabemos que vai dar certo, porque fizemos testes para outras vacinas - vamos pôr o adjuvante e, com isso, conseguiremos multiplicar o número de doses da vacina", disse.

Segundo ele, é possível que a campanha nacional de vacinação, que deverá ter início em março ou abril, já conte com doses da vacina produzida com a nova substância.

Replicação

O Butantan ainda não tem capacidade de produzir totalmente a vacina contra a gripe A a partir de uma cepa do vírus. A substância desenvolvida no instituto faz com que, partindo de doses produzidas por outros países - como os Estados Unidos e a França -, a vacina possa ser replicada.

Apenas em 2011, o instituto prevê a conclusão de sua fábrica própria da vacina contra a gripe suína, que terá tecnologia transferida da França. Neste ano o instituto deverá estar pronto para produzir, também com tecnologia transferida da França, a vacina contra a gripe comum.

Compra de vacinas

O Ministério da Saúde comprou 83 milhões de doses da vacina contra a gripe A (H1N1) para a campanha de vacinação no país que deve ter início em março ou abril deste ano.

As doses foram adquiridas de três laboratórios diferentes. A maior parte, 40 milhões de doses, foi comprada do laboratório inglês Glaxo Smith Kline (GSK), em novembro de 2009. Cada uma pelo custo de US$ 6,43, totalizando desembolso de R$ 444,7 milhões.

O segundo lote, de 33 milhões de doses, foi encomendado ao Instituto Butantan. O instituto informou que já recebeu 600 mil doses prontas do laboratório francês Sanofis-Pasteur. O preço unitário é de US$ 7,6, o maior a ser pago pelo governo federal devido ao custo de transferência de tecnologia da organização francesa para a produção da vacina no Brasil. O gasto total é de R$ 438,9 milhões.

Os 10 milhões de doses restantes virão do Fundo Rotatório de Vacinas da Organização Pan Americana de Saúde (Opas) ao custo de R$ 122,5 milhões. O contrato de compra foi fechado na última semana.

Todas as doses chegarão ao Brasil até março. O desembolso total com a compra das vacinas é de R$ 1,006 bilhão, o equivalente, segundo o ministério, a todo o orçamento do Programa Nacional de Imunizações, que inclui, por exemplo, as vacinas contra poliomielite e febre amarela. A verba para a compra das vacinas para combate à influenza A (H1N1) - gripe suína vieram de crédito suplementar de R$ 2,1 bilhões.

O ministério deve anunciar no próximo mês a estratégia de vacinação, ou seja, quais cidades e setores da população receberão as primeiras vacinas. Alguns dos grupos prioritários são grávidas, profissionais da área de saúde, crianças de 6 meses a 2 anos de idade, indígenas e pacientes com doenças crônicas preexistentes, como cardíacas, pulmonares ou renais.

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