06/04/2018

Centríolos podem ser o calcanhar de Aquiles do câncer?

Redação do Diário da Saúde
Centríolos podem ser o calcanhar de Aquiles do câncer?
Células saudáveis (esquerda) têm 4 centríolos, o número normal. No caso das células de câncer de mama do subtipo triplo negativo (direita) existem muitos mais centríolos (nesta célula existem 16).
[Imagem: Gaëlle Marteil/IGC]

Centríolos

Pesquisadores portugueses descobriram características importantes das células cancerígenas que podem ajudar na luta contra o câncer.

Na maioria dos subtipos agressivos de câncer, há um aumento no número e no tamanho de estruturas minúsculas, chamadas centríolos, que existem dentro de cada uma das nossas células.

Cerca de 100 vezes menores do que um fio de cabelo, os centríolos têm sido considerados o "cérebro" da célula, uma vez que desempenham papéis cruciais na multiplicação, movimento e comunicação entre as células. Esses processos são tipicamente alterados no câncer, o que permite a sobrevivência e a multiplicação das células tumorais.

A equipe da professora Mônica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciência, investigou a incidência dessas anormalidades nos centríolos em células de 60 linhagens de câncer humano oriundas de 9 tecidos diferentes.

Os resultados revelaram que as células cancerígenas frequentemente têm centríolos mais longos e em maior número, algo que não existe nas células normais - o número e tamanho dos centríolos são altamente controlados nas células normais.

Mais importante, a equipe observou que o excesso de centríolos é mais prevalente em formas agressivas do câncer de mama, como o triplo negativo, e de cólon. E os centríolos mais longos são excessivamente ativos, o que perturba a divisão das células e pode levar à formação do câncer.

"Os nossos resultados confirmam que uma desregulação no número e tamanho dos centríolos dentro das células está associada a características malignas. Esta descoberta pode ajudar a estabelecer as propriedades dos centríolos como uma forma de classificar tumores de modo a determinar prognósticos e prever o tratamento adequado," disse a pesquisadora Gaelle Marteil, coautora do estudo.

A equipe agora pretende explorar novos mecanismos terapêuticos que possam atuar sobre os centríolos no câncer, para evitar sua desregulação, com vistas a tentar evitar o desenvolvimento do tumor ou mesmo levar à sua extinção.

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