17/01/2012

Estudo sobre clorofila e câncer questiona métodos científicos atuais

Redação do Diário da Saúde
Clorofila protege contra o câncer e lança dúvidas sobre métodos científicos
Um composto benéfico pode resultar em intoxicação se tomado em doses elevadas - uma verdade bem conhecida que não tem sido levada em conta nas pesquisas médicas, dizem os cientistas.
[Imagem: Oregon State University]

Estudos irreais

Além de confirmar o valor da clorofila na luta contra o câncer, uma nova pesquisa levantou sérias questões sobre como as doenças estão sendo estudadas nos laboratórios científicos.

O estudo revelou que a clorofila presente nos vegetais verdes oferece proteção contra o câncer quando o composto é testado aos níveis modestos de exposição a elementos carcinogênicos mais comumente encontrados nas situações da vida real.

No entanto, a clorofila aumentou o número de tumores em níveis de exposição carcinogênica muito elevados.

Segundo os cientistas, isto levanta sérias questões sobre se os estudos tradicionais feitos em laboratório - com camundongos submetidos a elevados níveis de exposição tóxica - estão realmente dando as respostas precisas para o que representa e o que não representa um risco real à saúde, assim como quais abordagens alimentares ou medicamentosas são mais úteis.

Clorofila contra o câncer

Uma das limitações apontadas pelo grupo é que os estudos com camundongos são caros, o que leva os pesquisadores a utilizarem poucas cobaias e altos níveis de exposição carcinogênica.

"Há consideráveis evidências em estudos clínicos e epidemiológicos com humanos que a clorofila e seu derivado, a clorofilina, pode proteger contra o câncer," explica Tammie McQuistan, da Universidade do Estado do Oregon (EUA).

"Este estudo, tais como outros antes dele, mostrou que a clorofila pode reduzir os tumores, até um determinado ponto. Mas, sob elevadas doses do mesmo carcinogênico, a clorofila de fato piora o problema. Isto questiona o valor da abordagem frequentemente usada nos estudos de compostos causadores de câncer," diz ela.

Diferença entre remédio e veneno está na dose

Para contestar a abordagem tradicional, os cientistas decidiram fazer seus testes usando não os caros camundongos, mas trutas arco-íris - tanto porque elas reagem de forma muito similar aos roedores, como porque é possível usar milhares delas em cada experimento.

Os resultados batem frontalmente contra a premissa fundamental da maioria da pesquisa médica - expor um animal de laboratório a elevados níveis de um composto, observar o resultado e calcular matematicamente como a conclusão se aplicaria com baixos níveis de exposição.

O fato, demonstraram os cientistas, é que a reação dos animais não apenas não varia linearmente com a dose, como os modelos matemáticos tradicionais preveem, como, na verdade, as reações podem ser opostas dependendo da dose.

De resto, um fenômeno largamente conhecido da medicina, em que um composto benéfico pode resultar em intoxicação se tomado em doses elevadas - mas isto não tem sido levado em conta nas pesquisas médicas, dizem os cientistas.

Mundo humano real

Quanto à clorofila, o grupo demonstrou que seu mecanismo protetor é extremamente simples: a clorofila se liga e sequestra os compostos carcinogênicos no interior do trato gastrointestinal, fazendo-os serem eliminados pelo corpo.

Sob baixa exposição a elementos carcinogênicos, como geralmente ocorre no dia-a-dia, a clorofila mostrou-se fortemente protetora do organismo contra o câncer.

Os especialistas concluem que o uso das trutas arco-íris pode produzir resultados melhores, mais precisos e mais próximos das situações do mundo real, em comparação com os estudos tradicionais com roedores.

Além disso, as conclusões podem ser mais relevantes para os seres humanos porque as pesquisas podem usar doses baixas de toxinas. Experimentos feitos com trutas arco-íris, segundo eles, são 20 vezes mais baratos do que experimentos com ratos ou camundongos.

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