13/03/2008

Combinação de morfina com medicamento contra impotência sexual pode diminuir inflamação

Da redação

Anestesia peridural

Publicado no mês de março na conceituada revista Anesthesia and Analgesia, trabalho realizado no Laboratório de Neurobiologia da Nocicepção (Lanen), ligado ao Departamento de Farmacologia da UFSC, sugere que procedimentos de anestesia onde se aplica morfina diretamenta na coluna espinhal podem ajudar a diminuir a inflamação em regiões localizadas do corpo - articulações da perna, por exemplo.

O estudo foi desenvolvido a partir da dissertação de mestrado de Sara Comelli Brock, junto ao Programa de Neurociências da UFSC. Contou com apoio financeiro da Capes e do CNPq (Edital Pronex). Realizado em ratos, consistiu em uma primeira fase na aplicação de diferentes doses de morfina na coluna vertebral, exatamente como é feito no procedimento anestésico chamado de injeção intra-espinhal ou raquidiana em humanos. Nessa primeira etapa, a morfina foi capaz de reduzir o edema (inchaço) provocado nas patas traseiras do animal por um agente inflamatório.

Efeito ampliado

O orientador do trabalho, Carlos Rogério Tonussi, professor associado do Departamento de Farmacologia, esclarece que esse efeito da morfina na medula espinhal se deve à formação de substâncias como o óxido nítrico e o guanidino monofosfato cíclico. Estas substâncias têm seu efeito aumentado por outro fármaco disponível no mercado, o sildenafil ou Viagra®.

“Quando aplicamos pequenas doses de morfina junto com pequenas doses de sildenafil na medula espinhal, o efeito antiinflamatório foi similar à dose maior de morfina, mostrando que podemos combinar os fármacos para obter um efeito maior, evitando possíveis efeitos colaterais”, explica o pesquisador.

Controle da inflamação após cirurgias

Em um trabalho anterior o grupo do professor Tonussi observou que outro agente similar ao sildenafil aumentava também o efeito analgésico da morfina. Este efeito observado em ratos sugere que possa acontecer também em humanos. A morfina é muita vezes utilizada para o procedimento de analgesia espinhal aplicada por meio de bombas, diretamente na medula de pacientes com dores crônicas, ou durante cirurgias e no parto.

Nesses casos é possível que se possa explorar o efeito potencializador do sildenafil, seja para aumentar o efeito analgésico da morfina ou para auxiliar no controle da inflamação após cirurgias. O pesquisador chama a atenção, no entanto, que para se transpor esse conhecimento para a clínica, serão necessários vários estudos ainda.

Estudo clínico em humanos

“Como esses medicamentos já estão em uso em humanos, não seria difícil organizar um estudo clínico. Os médicos anestesistas têm todo o preparo necessário para conduzir um estudo desse tipo. Precisamos fazer colaborações com clínicos, para que o conhecimento gerado na universidade chegue mais rápido às pessoas”, avalia o professor.

“Graças também a possibilidade de se estudar estes efeitos previamente em pequenos animais de laboratório, um grande aperfeiçoamento de procedimentos anestésicos podem ser realizados e desta forma beneficiar no futuro tanto homens, como animais de estimação na clínica veterinária”, acrescenta o professor que é presidente do Comitê de Ética no Uso de Animais na UFSC.

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