20/04/2017

Comer muito sal diminui a sede e aumenta a fome

Redação do Diário da Saúde
Comer muito sal diminui a sede e aumenta a fome
As descobertas foram feitas durante a simulação de uma viagem a Marte, que durou 520 dias, período no qual os astronautas ficaram totalmente isolados, como se estivessem no espaço.
[Imagem: ESA]

A ciência prova - e depois reprova

Quando você come alimentos salgados, você fica com mais sede e bebe mais água, certo?

Talvez no curto prazo, logo após a refeição, mas em um período de 24 horas você de fato ficará com menos sede porque seu corpo começará a conservar e produzir mais água.

Esta descoberta surpreendente, feita por uma equipe de pesquisadores dos EUA e da Alemanha, está desbancando um saber científico considerado verdadeiro há mais de 100 anos, e pode fornecer novas ideias sobre as epidemias ocidentais de obesidade, diabetes e doenças cardíacas.

Esta nova informação também lança uma luz sobre como nosso corpo responde à ingestão elevada de sal e pode fornecer uma perspectiva totalmente nova para lidar com as doenças metabólicas. Os resultados complementam descobertas anteriores da mesma equipe sobre o armazenamento de sal no corpo humano.

Como nosso corpo lida com o sal

Até agora, os cientistas afirmavam que a excreção de sal consumido pela dieta levará inevitavelmente à perda de água pela urina e, assim, reduzirá o conteúdo de água no corpo.

Mas não foi isso o que os pesquisadores constataram. Pelo contrário, eles demonstraram que o princípio biológico da excreção de sal é, na verdade, a conservação da água no corpo.

Além disso, é preciso muita energia para conservar água em face da excreção de sal. Para fazer isto o corpo precisa, ou obter mais combustível, ou consumir massa muscular.

"Isso nos predispõe a comer em excesso," complementa o professor Jens Titze, da Universidade de Vanderbilt (EUA).

Experimento espacial

Entre 2009 e 2011, a equipe realizou estudos de equilíbrio de sódio a longo prazo no corpo de cosmonautas russos que estavam participando de um programa de simulação de voos espaciais em uma instalação de pesquisa em Moscou, em preparação para um potencial voo espacial tripulado para Marte.

Inesperadamente, quando o sal na dieta foi aumentado de seis para 12 gramas por dia, os candidatos a astronauta bebiam menos água, e não mais, como os cientistas esperavam. Isso sugeriu que eles conservavam mais mais água no corpo.

Em um estudo posterior feito em camundongos, os pesquisadores demonstraram que uma dieta com muito sal induz um estado catabólico dirigido por glicocorticoides que quebram a proteína muscular, que é convertida em ureia pelo fígado. A ureia permite que os rins reabsorvam a água e evitem a perda de água corporal enquanto o sal é excretado.

A perda muscular é um preço alto a pagar para evitar a desidratação. A alternativa é buscar mais combustível - comer mais. Talvez por isso os candidatos a astronauta tenham se queixado de que estavam ficando com fome depois que o sal em sua dieta foi aumentado.

Síndrome Metabólica

A conservação da água em resposta a uma dieta com elevado teor de sal pode ter consequências patológicas. O aumento dos níveis de glicocorticoides é um fator de risco independente para diabetes, obesidade, osteoporose e doenças cardiovasculares.

"Nós sempre nos concentramos no papel do sal na hipertensão arterial. Nossos resultados sugerem que há muito mais para saber - uma ingestão elevada de sal pode predispor à síndrome metabólica", disse o professor Jens Titze.

Os resultados foram publicados em dois artigos no Journal of Clinical Investigation.

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