13/02/2013

Conheça 10 transgênicos que você pode estar comendo sem saber

Com informações da BBC

Animais e plantas geneticamente modificados

No final de dezembro passado, a agência que zela pela segurança alimentar nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) aprovou para consumo um tipo de salmão geneticamente modificado, reacendendo o debate sobre a segurança dos transgênicos e suas implicações éticas, econômicas sociais e políticas.

É a primeira vez que um animal geneticamente modificado é aprovado para consumo humano.

Mas muitos consumidores nos Estados Unidos, Europa e Brasil, regiões em que os organismos geneticamente modificados (OGMs) em questão de poucos anos avançaram em velocidade surpreendente dos laboratórios aos supermercados, passando por milhões de hectares de áreas cultiváveis, continuam desconfiados da ideia do homem cumprindo um papel supostamente reservado à natureza ou à evolução - e guardam na memória os efeitos nocivos, descobertos tarde demais, de "maravilhas" tecnológicas como o DDT e a talidomida.

Boa parte do público ainda teme possíveis efeitos negativos dos transgênicos para a saúde e o meio ambiente.

Pesquisas de opinião nos Estados Unidos e na Europa, entretanto, indicam que a resistência aos OGMs tem caído, refletindo, talvez, uma tendência de gradual mudança de posição da percepção pública.

Polêmica científica

As principais academias de ciências do mundo e instituições como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) insistem em dizer que os transgênicos são seguros e que a tecnologia de manipulação genética realizada sob o controle dos atuais protocolos de segurança não representa risco maior do que técnicas agrícolas convencionais de cruzamento de plantas.

Mas muitos cientistas discordam, ainda que os alertas não ganhem nas manchetes a mesma importância que os anúncios dos eventuais benefícios dos transgênicos.

Pesquisas já demonstraram que os vegetais consumidos podem alterar os genes humanos, e até livros já foram escritos mostrando o risco de que os transgênicos espalhem-se pela natureza.

A preocupação é ainda maior no caso dos animais transgênicos, como é o caso dos mosquitos transgênicos soltos no Brasil e em outros países para combater a dengue, e cujos efeitos sobre o homem não são conhecidos.

Salmão transgênico

O salmão transgênico, que pode chegar às mesas de jantar em 2014, será o primeiro animal geneticamente modificado (GM) consumido pelo homem.

Vários produtos transgênicos já estão nos supermercados, um fato que pode ter escapado a muitos consumidores - apesar da discreta rotulagem obrigatória, no Brasil e na UE, de produtos com até 1% de componentes transgênicos.

Veja abaixo uma lista com 10 produtos e derivados que serve de exemplo de como os transgênicos entraram, estão tentando ou mesmo falharam na tentativa de entrar na cadeia alimentar.

Milho transgênico

Com as variantes transgênicas respondendo por mais de 85% das atuais lavouras do produto no Brasil e nos Estados Unidos, não é de se espantar que a pipoca consumida no cinema, por exemplo, venha de um tipo de milho que recebeu, em laboratório, um gene para torná-lo tolerante a herbicida, ou um gene para deixá-lo resistente a insetos, ou ambos.

Dezoito variantes de milho geneticamente modificado foram autorizadas pelo CTNBio, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que aprova os pedidos de comercialização de OGMs.

O mesmo pode ser dito da espiga, dos flocos e do milho em lata que você encontra nos supermercados. Há também os vários subprodutos - amido, glucose - usados em alimentos processados (salgadinhos, bolos, doces, biscoitos, sobremesas) que obrigam o fabricante a rotular o produto.

O milho puro transgênico não é vendido para consumo humano na União Europeia, onde todos os legumes, frutas e verduras transgênicos são proibidos para consumo - exceto um tipo de batata, que recentemente foi autorizado, pela Comissão Europeia, a ser desenvolvido e comercializado. Nos Estados Unidos, ele é liberado e não existe a rotulação obrigatória.

Óleos de cozinha geneticamente modificados

Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, os três campeões entre as culturas geneticamente modificadas - e cujas sementes são uma mina de ouro para as cerca de dez multinacionais que controlam o mercado mundial - chegam às prateleiras com a reputação "manchada" mais pela sua origem do que pela presença de DNA ou proteína transgênica.

No processo de refino desses óleos, os componentes transgênicos são praticamente eliminados. Mesmo assim, suas embalagens são rotuladas no Brasil e nos países da UE.

Soja transgênica

No mundo todo, o grosso da soja transgênica, a rainha das commodities, vai parar no bucho dos animais de criação - que não ligam muito se ela foi geneticamente modificada ou não.

O subproduto mais comum para consumo humano é o óleo de cozinha, mas há ainda o leite de soja, tofu, bebidas de frutas e soja e a pasta missô, todos com proteínas transgênicas (a não ser que tenham vindo de soja não transgênica).

No Brasil, onde a soja transgênica ocupa quase um terço de toda a área dedicada à agricultura, a CTNBio liberou cinco variantes da planta, todas tolerantes a herbicidas - uma delas também é resistente a insetos.

Mamão papaia transgênico

Os Estados Unidos são o maior importador de papaia do mundo - a maior parte vem do México e não é transgênica.

Mas muitos norte-americanos apreciam o papaia local, produzido no Havaí, Flórida e Califórnia.

Cerca de 85% do papaia do Havaí, que também é exportado para Canadá, Japão e outros países, vem de uma variedade geneticamente modificada para combater um vírus devastador para a planta.

A fruta não é vendida no Brasil, nem na Europa.

Queijo transgênico

Aqui não se trata de um alimento derivado de um (OGM) organismo geneticamente modificado, mas de um alimento em que um OGM contribuiu em uma fase de seu processamento.

A quimosina, uma enzima importante na coagulação de lacticínios, era tradicionalmente extraída do estômago de cabritos - um procedimento custoso e "cruel".

Biotecnólogos modificaram microrganismos como bactérias, fungos ou fermento com genes de estômagos de animais, para que estes produzissem quimosina. A enzima é isolada em um processo de fermentação em que esses microrganismos são mortos.

A quimosina resultante deste processo - e que depois é inserida no soro do queijo - é tida como idêntica à que era extraída da forma tradicional. Essa enzima é pioneira entre os produtos gerados por OGMs e está no mercado desde os anos 90.

Notem que o queijo, em todo seu processo de produção, só teve contato com a quimosina - que não é um OGM, é um produto de um OGM.

Além disso, a quimosina é eliminada do produto final. Por isso, o queijo escapa da rotulação obrigatória.

Pão, bolos e biscoitos geneticamente modificados

Trigo e centeio, os principais cereais usados para fazer pão, continuam sendo plantados de forma convencional e não há variedades geneticamente modificadas em vista.

Mas vários ingredientes usados em pão e bolos vêm da soja, como farinha (geralmente, nesse caso, em proporção pequena), óleo e agentes emulsificantes como lecitina.

Outros componentes podem derivar de milho transgênico, como glucose e amido. Além disso, há, entre os aditivos mais comuns, alguns que podem originar de microrganismos modificados, como ácido ascórbico, enzimas e glutamato. Dependendo da proporção destes elementos transgênicos no produto final (acima de 1%), ele terá que ser rotulado.

Abobrinha transgênica

Seis variedades de abobrinha resistentes a três tipos de vírus são plantadas e comercializadas nos Estados Unidos e Canadá.

Ela não é vendida no Brasil ou na Europa.

Arroz transgênico

Uma das maiores fontes de calorias do mundo, mesmo assim, o cultivo comercial de variedades modificadas fica, por enquanto, na promessa. Vários tipos de arroz estão sendo testados, principalmente na China, que busca um cultivo resistente a insetos.

Falou-se muito no golden rice, uma variedade enriquecida com beta-caroteno, desenvolvida por cientistas suíços e alemães.

O "arroz dourado", com potencial de reduzir problemas de saúde ligados à deficiência de vitamina A, está sendo testado em países do sudeste asiático e na China, onde foi pivô de um recente escândalo: dois dirigentes do projeto foram demitidos depois de denúncias de que pais de crianças usadas nos testes não teriam sido avisados de que elas consumiriam alimentos geneticamente modificados.

Feijão transgênico

A Empresa Brasileira para Pesquisa Agropecuária (Embrapa), conseguiu em 2011 a aprovação na CTNBio para o cultivo comercial de uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, tido como o maior inimigo dessa cultura no país e na América do Sul.

As sementes devem ser distribuídas aos produtores brasileiros - livre de royalties - em 2014, o que pode ajudar o país a se tornar autossuficiente no setor.

É o primeiro produto geneticamente modificado desenvolvido por uma instituição pública brasileira.

Salmão transgênico

Após a aprovação prévia da FDA, o público e instituições americanos têm um prazo de 60 dias (iniciado em 21 de dezembro) para se manifestar sobre o salmão geneticamente modificado para crescer mais rápido.

Em seguida, a agência analisará os comentários para decidir se submete o produto a uma nova rodada de análises ou se o aprova de vez.

Francisco Aragão, pesquisador responsável pelo laboratório de engenharia genética da Embrapa, afirma que tem acompanhado o caso do salmão "com interesse", e que não tem dúvidas sobre sua segurança para consumo humano.

"A dúvida é em relação ao impacto no meio ambiente. (Mesmo criado em cativeiro) O salmão poderia aumentar sua população muito rapidamente e eventualmente eliminar populações de peixes nativos. As probabilidades de risco para o meio ambiente são baixas, mas não são zero...na natureza não existe o zero".

Transgênicos que não deram certo

A primeira fruta aprovada para consumo nos Estados Unidos foi um tomate modificado para aumentar sua vida útil após a colheita, o "Flavr Savr tomato".

Ela começou a ser vendida em 94, mas sua produção foi encerrada em 97, e a empresa que o produziu, a Calgene, acabou sendo comprada pela Monsanto.

O tomate, mais caro e de pouco apelo ao consumidor, não emplacou.

O mesmo ocorreu com uma batata resistente a pesticidas, lançada em 95 pela Monsanto: a New Leaf Potato.

Apesar de boas perspectivas iniciais, ele não se mostrou economicamente rentável o suficiente para entusiasmar fazendeiros e foi tirada do mercado em 2001.

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