27/02/2018

Consultas de rotina não detectam dois terços dos infartos leves

Redação do Diário da Saúde

Infartos subclínicos

Os exames e testes médicos usados rotineiramente não conseguem identificar quase dois terços dos diagnósticos de ataque cardíaco leve.

Mas isso não parece ser motivo de muita preocupação se a pessoa sobreviver aos primeiros poucos anos após o evento, porque os ataques cardíacos "não reconhecidos" e os "reconhecidos" têm o mesmo risco de morte a longo prazo.

Os ataques cardíacos não reconhecidos (infarto do miocárdio) referem-se a eventos subclínicos que não são identificados nas consultas médicas de rotina, mas são detectados por eletrocardiograma (ECG) ou por ressonância magnética cardiovascular (RMC).

"Os infartos não reconhecidos têm um prognóstico a curto prazo ruim, mas até agora a perspectiva de longo prazo era desconhecida. Este estudo investigou os resultados a longo prazo," ressalta o Dr. Tushar Acharya, cardiologista do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos EUA.

Mesma sobrevivência com e sem tratamento

O estudo incluiu 935 pessoas com idade média de 76 anos, sendo 52% do sexo feminino. Na primeira análise, feita com um exame de ressonância magnética, 10% dos participantes (91) tinham infarto reconhecido, 17% (156) tinham infarto não reconhecido e 74% (688) não tinham sofrido infarto.

"Isso significa que 63% (156 de 247) dos infartos do miocárdio identificados pela CMR foram perdidos na consulta médica de rotina," disse o Dr. Acharya. "O infarto não reconhecido pode ser mais comum do que o infarto reconhecido".

A boa notícia é que, dez anos mais tarde, a taxa de mortalidade foi semelhante entre os pacientes com infartos reconhecidos e não reconhecidos (49% e 51%, respectivamente). Contudo, os dois grupos ficaram significativamente acima daqueles sem infarto, cuja taxa de mortalidade depois de 10 anos foi de 30%.

Assim, parece que o importante é tentar evitar o evento cardíaco, por meio de mudanças de estilo de vida. Uma vez ocorrido, os medicamentos comumente prescritos aos pacientes com ataque cardíaco para reduzir os riscos de morte, incluindo aspirina, estatinas, inibidores da enzima conversora da angiotensina e beta-bloqueadores não foram capazes de aumentar a expectativa de vida desses pacientes tratados em relação aos não tratados.

Outra hipótese é que o estresse causado pelo diagnóstico do infarto e pelo tratamento pode ter contrabalançado os ganhos com a medicação. Mas essas hipóteses terão que ser testadas em estudos com uma população maior e, sobretudo, com voluntários de outras faixas etárias.

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