19/11/2012

Controle de ferro no organismo protege contra malária

Redação do Diário da Saúde

H-Ferritina

Aproximadamente metade da população mundial está sob risco de sofrer de malária e de desenvolver uma forma severa e, muitas vezes, letal da doença.

Mas uma nova esperança surgiu em um estudo realizado por cientistas brasileiros e portugueses, liderados pelo Dr. Miguel Soares, do Instituto Gulbenkian de Ciência (Portugal).

A equipe descobriu que o desenvolvimento de formas severas de malária pode ser prevenido por um mecanismo simples que controla a acumulação de ferro nos tecidos do organismo.

Eles descobriram que a expressão de um gene que neutraliza o ferro dentro das células, chamado H-Ferritina, reduz o estresse oxidativo, prevenindo danos no tecido e a morte do organismo infectado.

Este mecanismo protetor pode servir como uma nova estratégia terapêutica contra a malária.

Estratégias de defesa

A malária é uma doença causada por infecção com o parasita Plasmodium.

Uma vez infectados, os indivíduos ativam uma série de mecanismos de defesa que visam a eliminação do parasita.

No entanto, estas estratégias não parecem ser totalmente eficientes em evitar as formas severas da doença e, eventualmente, a morte.

Em uma pesquisa anterior, a mesma equipe já havia demonstrado uma outra estratégia de defesa que dá tolerância à malária, reduzindo o grau de severidade da doença sem atingir o parasita:

Este novo estudo mostra que esta estratégia de defesa envolve a regulação do metabolismo do ferro no organismo infectado.

Ferro e malária

Já se sabia que a limitação da quantidade de ferro disponível aos parasitas pode diminuir a sua virulência, isto é, sua capacidade de causar a doença.

No entanto, esta estratégia de defesa tem um preço, essencialmente a acumulação de ferro em tecidos e órgãos do organismo infectado.

Isto pode conduzir a danos nos tecidos, potenciando a severidade da doença em vez de a reduzir.

Eliminação do excesso de ferro

Em colaboração com pesquisadores da Fiocruz no Brasil, além de equipe da Itália e Suíça, os cientistas descobriram que o organismo pode superar este problema através da indução da expressão de H-Ferritina, que elimina o ferro do tecido.

O efeito protetor da Ferritina previne o desenvolvimento de formas severas e geralmente letais da malária em ratinho.

Os resultados obtidos mostram que, entre os indivíduos infectados, os que tinham os níveis mais altos de Ferritina apresentavam formas menos severas da doença.

Estas observações, em conjunto com os resultados obtidos nos ensaios em animais, mostram que a Ferritina confere proteção à malária sem interferir diretamente com o parasita que causa a doença, ou seja, a Ferritina confere tolerância à malária.

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