22/09/2017

Pesquisadores falam sobre controvérsias sobre gorduras e riscos ao coração

Com informações do Jornal da Unicamp
Pesquisadores falam sobre controvérsias sobre gorduras e riscos ao coração
Há controvérsias sobre se gorduras fazem mal ao coração porque há diferentes gorduras e as pessoas são diferentes.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Saberes que se atualizam

Frequentemente novas pesquisas sobre os fatores de risco para as doenças cardiovasculares - e muitas outras - questionam o "saber científico" estabelecido, trazendo conclusões novas, o que tende a confundir as pessoas sobre o que está de fato comprovado em relação ao tema.

É o caso de se considerar benéfico, por exemplo, o consumo de gordura saturada.

"Há grandes trabalhos em grandes revistas [científicas] mostrando que, às vezes, o consumo de uma dieta rica em gordura não afeta substancialmente os níveis de colesterol [e não necessariamente] leva ao infarto do miocárdio," explicou o professor Dennys Esper Cintra, do Centro de Estudos de Lipídios em Nutrigenômica, da Unicamp, durante um evento que apresentou um painel das pesquisas mais recentes sobre o assunto.

É o que acontece com pessoas que não estão hipertensas e nem têm níveis alterados de gordura no sangue, assim como não apresentam resistência à insulina.

Assim como o consumo de gordura saturada, há trabalhos recentes e com bastante repercussão, que dizem respeito a outros fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como a obesidade, o diabetes ou a hipertensão.

"Obesidade, por definição, faz mal para o coração. Quando discutimos exceções é porque existe um subgrupo de pessoas com obesidade que tem uma distribuição benéfica da gordura e do tecido adiposo funcional sem repercussões negativas para o coração," defendeu o professor Bruno Geloneze. Isto porque a obesidade dispara um processo de inflamação sistêmica que acabará trazendo problemas de saúde.

Magro doente e obeso saudável

Segundo o professor Geloneze, o subgrupo de pessoas aparentemente não afetadas é composto em geral por mulheres jovens, com acúmulo de gordura no quadril e que não têm um antecedente familiar de doença cardiovascular: "São pessoas que vão acumular gordura apenas onde pode e não vão promover inflamação subclínica crônica e nem resistência à insulina. Essa seria a forma benigna da obesidade". Outro subgrupo "protegido" da insuficiência cardíaca seria o de pessoas idosas, que estão perdendo massa muscular e acumulam gordura no corpo em pontos onde ela pode ser benéfica.

No extremo oposto, salientou Geloneze, existe a forma não benigna da magreza: "São as pessoas que têm baixo peso mas, quando ganham peso, acabam acumulando gordura no fígado, em volta do coração, perto dos vasos sanguíneos. A pessoa tem uma tendência a não acumular gordura onde não haveria problemas, como nas coxas e quadris. Em geral são pessoas mais velhas, do sexo masculino e que acumulam gordura no tronco e no abdome. É aquele que diz não ser obeso, e que só tem barriga".

Portanto, existe o magro metabolicamente doente e o obeso metabolicamente saudável. "Isso confunde a população. Não podemos chegar na frente do obeso e verificar só o peso. Devemos entender os antecedentes da pessoa, se há histórico de doença vascular, pressão alta, ou seja, construir sua história clinica," disse Geloneze.

Os especialistas ainda orientam medir a circunferência do pescoço e do abdome e a resistência à insulina. De forma resumida, não é possível simplificar as coisas pela balança. Os riscos dependem sempre de onde a gordura se deposita.

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