19/08/2014

Própolis orgânica também tem efeito antimicrobiano

Com informações da Agência Fapesp
Comprovado efeito antioxidante e antimicrobiano da própolis orgânica
A própolis é uma resina liberada pelas plantas e coletada em botões florais pelas abelhas.
[Imagem: Wikimedia/Abalg]

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de própolis, sendo superado apenas pela China.

Não é à toa, uma vez que se sabe que a própolis brasileira é a melhor e a mais rica do mundo.

E um novo estudo confirmou as propriedades antioxidantes e antimicrobianas da própolis orgânica produzida na Região Sul do Brasil.

O trabalho foi realizado pela equipe do professor Severino Matias de Alencar, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

Das 78 amostras, coletadas no sul do Paraná e norte de Santa Catarina, em diferentes apiários, foram identificadas sete variantes de própolis orgânica com comprovadas atividades antioxidante e antimicrobiana.

Os efeitos antimicrobianos da própolis foram confirmados em relação às bactérias Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus, Staphylococcus aureus, Streptococcus oralis e Pseudomonas aeruginosa.

"Foi uma constatação importante porque havia dúvida em relação a essas própolis orgânicas, por causa dos teores muito baixos de flavonoides, que são as substâncias notoriamente responsáveis pelas propriedades antioxidantes e antimicrobianas das própolis, principalmente de clima temperado. Porém, verificamos que essas mesmas propriedades são exercidas, com igual eficácia, pelos ácidos fenólicos", disse o pesquisador.

Segundo ele, foram identificados altos teores de ácidos gálico, cafeico e cumárico, entre outros tipos de ácidos fenólicos.

Os ácidos fenólicos e os flavonoides pertencem à mesma classe química dos compostos fenólicos, cuja principal característica é a presença em suas moléculas de pelo menos um radical hidroxila ligado a um anel benzênico.

"A atividade antioxidante decorre da doação de elétrons ou íons de hidrogênio (H+), originários da hidroxila, que reduzem os radicais livres oxidantes. Já a atividade antimicrobiana decorre de um entre os três modos de ação seguintes: (1) reação com a membrana celular, alterando sua permeabilidade e causando perda de constituintes celulares ou mudanças conformacionais em ácidos graxos dessa membrana; (2) inativação de sistemas enzimáticos ou de enzimas essenciais, como a H+ATPase; ou (3) suprarregulação ou infrarregulação, envolvendo genes de adaptação ao estresse, glicólises e outros fatores", explicaram os pesquisadores.

Efeitos benéficos da própolis

A atividade antimicrobiana da própolis já era empiricamente conhecida pelos antigos sacerdotes egípcios, que a utilizavam no processo de embalsamamento, para proteger as múmias do ataque de fungos e bactérias.

Há relatos de uso da própolis também na Idade Média, para prevenir infecções no cordão umbilical de recém-nascidos.

E, até mesmo na Segunda Guerra Mundial, a própolis foi empregada como agente cicatrizante e antimicrobiano no tratamento de soldados em alguns hospitais da antiga União Soviética.

O produto consiste, basicamente, em uma resina vegetal, liberada por plantas, e coletada em botões florais pelas abelhas, que recolhem a resina e a carregam para a colmeia, onde ela desempenha várias funções úteis, como as de vedação, impermeabilização e assepsia ambiental, entre outras.

Foram essas funções, essenciais para a preservação da colmeia, que fizeram com que o material fosse chamado de "própolis" (do grego, pro, "em benefício de", e polis, "cidade").

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