27/09/2016

Esteroides para fertilização assistida podem fazer mais mal do que bem

Redação do Diário da Saúde

Corticosteroides

Pesquisadores da Universidade de Adelaide (Austrália) emitiram um alerta para que médicos e pacientes evitem ao máximo receitar e utilizar um tratamento com esteroides indicado para tratar a infertilidade em mulheres.

Isto porque o tratamento está associado a grande número de abortos, partos prematuros e más-formações congênitas.

De acordo com a equipe, a utilização generalizada da droga não se justifica, uma vez que há um alto grau de suspeita de que os medicamentos corticosteroides - tais como a prednisolona - podem interferir com a implantação do embrião e podem ter efeitos nocivos sobre a gravidez e a criança.

"As drogas esteroides, como a prednisolona, agem como supressores do sistema imunológico, evitando que o sistema imune do corpo responda à gravidez. Mas, ao suprimir a resposta imunológica natural, estas drogas podem levar a outras complicações," alerta a Dra Sarah Robertson.

Células assassinas?

Os corticosteroides são cada vez mais utilizados para tratar a infertilidade em mulheres com abortos recorrentes e insucessos na fertilização assistida. Muitas mulheres recebem o medicamento na crença de que a redução de células do sistema imunológico conhecidas como células "assassinas naturais" irá facilitar uma gravidez. No entanto, essa crença é equivocada, alertam os pesquisadores, porque, apesar de seu nome alarmante, estas células são na verdade necessárias para a gravidez saudável.

A Dra Sarah afirma que há um grande mal-entendido entre médicos e pacientes sobre o papel do sistema imunológico na fertilidade e na gravidez saudável.

"O sistema imunológico desempenha um papel fundamental na reprodução e na fertilidade. As células assassinas naturais e outras células imunes ajudam a produzir uma placenta robusta para suportar o crescimento fetal saudável. Mas se nós suprimirmos ou ignorarmos a biologia natural do corpo, pode haver consequências terríveis que só aparecerão mais tarde," disse ela.

Saúde da mãe e do bebê

O estudo mostrou que as mulheres que tomaram corticoides durante o primeiro trimestre da gravidez apresentaram um aumento de 64% no risco de sofrerem um aborto; o risco de parto prematuro mais do que dobrou; e seus filhos apresentaram um risco elevado de más-formações congênitas, incluindo um risco de 3 a 4 vezes maior de fissura palatina.

"Nossa mensagem principal para os médicos e para as mulheres com expectativa de conseguir a gravidez é que eles devem focar em conseguir uma gravidez de boa qualidade e uma criança com saúde pela vida toda, e não apenas ficar grávida," aconselha a pesquisadora. "Os corticosteroides como a prednisolona podem prejudicar a gravidez saudável, o que pode levar a condições de longo prazo piores para o bebê."

Os resultados estão descritos em um artigo publicado na revista Human Reproduction.

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