21/09/2010

Ver alguém fazendo algo é suficiente para criar falsas memórias

Keri Chiodo

Lembranças falsas

"Será que eu desliguei mesmo o fogão?"

Todos sabemos o quanto nossa memória pode não ser confiável. Os psicólogos já descobriram todo tipo de situação que leva à criação de memórias falsas.

Mas agora eles descobriram mais um: ver alguém fazer uma ação pode fazer você pensar que foi você mesmo quem fez aquilo.

Imaginação

A equipe de cientistas que encontrou a nova forma de criar falsas memórias não estava em busca de nenhuma grande descoberta, eles estavam tentando aprender mais sobre a imaginação - que, por sinal, também pode ser usada para criar memórias falsas.

Mas então, durante um experimento, eles descobriram que pessoas que haviam assistido a um vídeo de alguém fazendo uma ação simples - sacudir uma garrafa ou embaralhar um conjunto de cartas, por exemplo - muitas vezes se lembravam da ação duas semanas mais tarde, como se elas próprias tivessem feito aquilo.

"Nós ficamos estupefatos," conta Gerald Echterhoff, da Jacobs University Bremen. Ele fez o estudo com Isabel Lindner, da Universidade de Colônia, Patrick Davidson, da Universidade de Ottawa, e Matthias Brand, da Universidade de Duisburg-Essen.

O achado foi tão interessante que eles mudaram o rumo da pesquisa inicial para examinar este fenômeno mais de perto, por meio de uma série de novos experimentos.

Criando memórias falsas

Em cada experimento, os participantes realizaram diversas ações simples. Em seguida, eles assistiram a vídeos de alguém também fazendo ações simples, algumas das quais eles próprios tinham realizado.

Duas semanas depois, eles foram perguntados sobre quais dentre uma série de ações eles próprios tinham feito - aí incluídas as que eles tinham realmente desempenhado, as que foram vistas no vídeo e um terceiro conjunto, totalmente novo.

O número de lembranças falsas foi muito maior quando os participantes haviam assistido ao vídeo de outra pessoa fazendo aquilo.

Isto aconteceu mesmo quando os participantes foram informados sobre o efeito e advertidos de que isso poderia acontecer com eles.

Dúvida informada

Os cientistas alertam que não se deve ficar preocupado de que isso aconteça o tempo todo, mas aconselham que vale a pena lembrar que a sua memória nem sempre é confiável.

"É bom ter uma dúvida ou um ceticismo bem informado sobre o desempenho da sua memória, de forma que você não acredite facilmente em tudo o que vem à sua mente como se fosse algo verdadeiro e certo," diz Echterhoff.

Os resultados foram publicados na revista Psychological Science.

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Memória

Mente

Meditação

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.