21/11/2017

Ferimentos que ocorrem de dia curam-se na metade do tempo

Redação do Diário da Saúde
Ferimentos que ocorrem de dia curam-se na metade do tempo
Aglomerado de fibroblastos (rosa) em um ferimento na pele durante os testes com células em laboratório.
[Imagem: Hoyle et al. - 10.1126/scitranslmed.aal2774]

Machuque-se de dia

Nosso relógio biológico - ou ritmo circadiano - regula quase todas as células do corpo humano, gerando ciclos de 24 horas em processos como o sono, a secreção hormonal e o metabolismo.

Não por acaso, sua descoberta mereceu o Prêmio Nobel de Medicina de 2017.

Agora se descobriu que nossos relógios corporais desempenham um papel essencial na cura de nossos ferimentos, como cortes e queimaduras.

Os ferimentos curam-se aproximadamente 60% mais rapidamente se a lesão ocorrer durante o dia, em comparação com quando nos machucamos durante a noite.

Cura de queimaduras

Testes iniciais, usando células da pele - fibroblastos e queratinócitos - e também em camundongos, mostraram que, durante o nosso "dia biológico", os ferimentos na pele curam quase duas vezes mais eficientemente do que os ferimentos ocorridos durante a noite.

O efeito então foi pesquisado em seres humanos com queimaduras que davam entrada nos hospitais.

As queimaduras que aconteceram à noite levaram em média 60% mais tempo para se curar do que as queimaduras ocorridas durante o dia. As queimaduras noturnas (das 20 horas às 8 horas da manhã) foram classificadas como 95% curadas após uma média de 28 dias, em comparação com apenas 17 dias para as queimaduras diurnas (das 8h às 20h).

Relógio biológico das células

Uma razão chave para a cura mais rápida dos ferimentos ocorridos durante o dia é que as células da pele se movem para o local da ferida para repará-la muito mais rapidamente durante o dia do relógio biológico.

Dentro das células, esse processo é induzido pelo aumento da atividade das proteínas envolvidas no movimento e no reparo celular, especialmente da proteína actina. Os filamentos da actina fornecem suporte e movimento, funcionando como uma espécie de músculo dentro da célula.

Nas feridas diurnas também havia mais colágeno - a principal proteína estrutural na pele - depositada no local do ferimento, que permaneceu por até duas semanas após o acidente.

A pesquisa sugere que esse processo deve ser conduzido pelos relógios circadianos internos das células, e não por sinais transmitidos por todo o corpo, uma vez que células cultivadas em laboratório apresentaram o mesmo efeito.

"Nós demonstramos que os ciclos diários no relógio do nosso corpo controlam a eficiência com que as células podem reparar os tecidos danificados afetando uma proteína essencial chamada actina. O reparo eficiente da nossa pele é fundamental para prevenir a infecção, e, quando a cicatrização vai mal, as feridas podem se tornar crônicas ou formar cicatrizes excessivas. Pesquisas mais aprofundadas sobre o vínculo entre os relógios do corpo e a cicatrização de ferimentos podem nos ajudar a desenvolver medicamentos que previnam uma cicatrização deficiente dos ferimentos ou mesmo nos ajudem a melhorar os resultados das cirurgias," disse o professor Ned Hoyle, do Laboratório de Biologia Molecular em Cambridge (Reino Unido).

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