11/06/2020

Hormônio do amor previne surgimento da osteoporose

Com informações da Agência Fapesp
Hormônio do amor previne surgimento da osteoporose
As cobaias que receberam ocitocina apresentaram ossos mais densos (direita).
[Imagem: Fernanda Fernandes et al. - 10.1038/s41598-020-64683-0]

Ocitocina e osteoporose

A ocitocina, ou oxitocina, também conhecida como "hormônio do amor" porque é liberada na presença de parceiros, pode ser também uma forte aliada no controle e na prevenção da osteoporose.

Experimentos realizados em animais de laboratório fêmeas no fim do período fértil mostraram que o hormônio reverteu fatores que antecedem a osteoporose, como a diminuição da densidade e da resistência óssea e também de substâncias que favorecem a formação do osso.

A osteoporose tem elevada incidência em mulheres na pós-menopausa.

"Nosso estudo tem como enfoque a prevenção da osteoporose primária; por isso investigamos mecanismos fisiológicos que ocorrem no período pré-menopausa. Nessa etapa da vida da mulher, medidas de prevenção podem evitar que os ossos se tornem frágeis e que ocorram fraturas, o que poderia reduzir a qualidade e a expectativa de vida," explica a professora Rita Menegati Dornelles, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araçatuba.

Perimenopausa

No experimento, os pesquisadores aplicaram nos animais do grupo de intervenção apenas duas doses do hormônio ocitocina - com 12 horas de diferença entre uma injeção e outra.

Na comparação com o grupo controle, os animais que receberam as doses de ocitocina apresentaram estrutura óssea sem sinais de perda de densidade óssea. "A ocitocina ajuda a modular o ciclo de remodelação óssea das ratas senescentes. Os animais que receberam o hormônio tiveram aumento dos marcadores bioquímicos associados à renovação do osso, como a expressão de proteínas que favorecem a formação e a mineralização óssea," disse Rita.

Existem dois marcos hormonais importantes na vida da mulher: a puberdade e a perimenopausa, a transição para a menopausa, que pode durar vários anos. Esses eventos marcam, respectivamente, o início e o término do período de fertilidade.

"Estuda-se muito a pós-menopausa, quando a mulher deixa de menstruar. No entanto, as oscilações hormonais que ocorrem antes, na perimenopausa, já são bastante fortes e estão relacionadas com a diminuição gradual da densidade óssea. É preciso haver estudos visando a prevenção da osteoporose nessa fase, pois o período após a menopausa representa cerca de um terço da vida e deve ser vivido com qualidade," reforçou Rita.

Ocitocina

A ocitocina é um hormônio produzido no hipotálamo cerebral e foi caracterizada no início do século passado tendo sua liberação associada, sobretudo, ao parto e à amamentação. Estudos mais recentes mostraram que um número grande de células (além das hipotalâmicas) também secretam o hormônio.

"A ocitocina é secretada por células ósseas e nossos estudos estão evidenciando sua associação com o metabolismo ósseo de fêmeas durante o processo de envelhecimento. Geralmente, mulheres no período pós-menopausa, com maior índice de osteoporose, apresentam concentrações mais baixas de ocitocina no plasma sanguíneo," disse Rita.

As fraturas de quadril, por exemplo, têm ocorrência três vezes maior no organismo feminino. As consequências dessas fraturas são muito drásticas, como dificuldade ou impossibilidade de locomoção e comorbidades. Até 24% das pacientes morrem no primeiro ano após a fratura de quadril e o risco aumentado de morte pode persistir por pelo menos cinco anos.

Os pesquisadores pretendem realizar, no futuro, estudos clínicos sobre o efeito da ocitocina na prevenção de osteoporose em humanos. "O hormônio é produzido naturalmente no nosso organismo e já foi sintetizado em laboratório. Mesmo assim será necessário um longo estudo para avaliar a eficácia, a segurança e também para saber a dosagem mais indicada do hormônio," finalizou Rita.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Oxytocin and bone quality in the femoral neck of rats in periestropause
Autores: Fernanda Fernandes, Camila Tami Stringhetta-Garcia, Melise Jacon Peres-Ueno, Fabiana Fernandes, Angela Cristina de Nicola, Robson Chacon Castoldi, Guilherme Ozaki, Mário Jefferson Quirino Louzada, Antonio Hernandes Chaves-Neto, Edilson Ervolino, Rita Cássia Menegati Dornelles
Publicação: Nature Scientific Reports
Vol.: 10, Article number: 7937
DOI: 10.1038/s41598-020-64683-0
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