12/03/2009

Hospital de Ribeirão Preto faz transplante não aparentado de células-tronco

Agência USP

Transplante de células-tronco

A Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP realizou no último dia 3 o primeiro transplante não aparentado de células-tronco hematopoéticas (clonogênicas com capacidade de autorrenovação e diferenciação em múltiplas linhagens) de Ribeirão Preto e região.

O paciente de dois anos e nove meses de idade, que teve diagnóstico de um tipo raro de leucemia em junho de 2008, recebeu as células de um cordão umbilical compatível, encontrado no Banco de Sangue de Cordão do Instituto Nacional do Câncer (INCA), integrante da rede BrasilCord.

Transplante não aparentado

Fabiano Pieroni, médico hematologista, especializado em transplante de medula óssea, da Unidade de TMO do HCFMRP, considera a introdução do transplante não aparentado, com células-tronco hematopoéticas de doadores adultos ou derivadas de cordão umbilical, como importante alternativa para a realização de transplantes de medula óssea naqueles pacientes que têm indicação deste procedimento e que eventualmente não tem doador na família.

"No caso desta criança a única alternativa terapêutica, com potencial de cura, era o transplante de medula óssea e como ela não tinha um doador na família o fato de haver um cordão compatível viabilizou o tratamento", ressalta.

De acordo com Pieroni, o HCFMRP é o terceiro hospital do interior do Estado de São Paulo a realizar transplante não aparentado de células-tronco hematopoéticas. "Intervenções semelhantes já são realizadas no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, e no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), há alguns anos", aponta o médico.

Doações de medula óssea

A vice-coordenadora da Unidade de TMO do HC, professora Belinda Simões, garantiu que é importante destacar a necessidade de aumentar o número de doações de medula óssea, seja através de cordão umbilical ou de doadores não relacionados. "Neste caso foi um cordão umbilical, mas poderia ser um adulto, por exemplo", explica. "Quanto mais adultos forem candidatos à doação e quanto mais mães doarem cordões,maiores as chances de se encontrar um doador ou um cordão compatível para um doente."

A Unidade do HCFMRP realiza transplantes de medula óssea desde 1991, através de doação de familiares compatíveis; com células-tronco do próprio paciente (autólogo) e mais recentemente de familiares com 50% de compatibilidade (TMO haploidêntico). O coordenador da Unidade, Júlio César Voltarelli, informou que o Hospital foi credenciado para o novo tipo de procedimento no segundo semestre de 2008. "Tanto para a medula óssea como para o cordão nós vamos poder oferecer este transplante que nós chamamos de não aparentado e não familiar", destaca.

A mãe da criança, Michele Moreira Loregian de Souza, defendeu com veemência a necessidade de doação. Disse que considera importante a implementação de campanhas de divulgação em prol do aumento do número de doadores cadastrados no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). "Tem que divulgar mais o que é a doação de medula óssea e do sangue do cordão umbilical para esclarecer as pessoas, porque é uma coisa mais simples do que a pessoa imagina, e que pode estar salvando uma vida".

Doadores sem parentesco

A doação pode vir através de "doadores não relacionados" (sem parentesco) ou de um cordão umbilical, que além da aprovação da mãe, necessita ainda de condições técnicas de captação na maternidade e de um local tecnologicamente adequado para armazenamento. Em Ribeirão Preto, este local começou a funcionar em julho de 2008, no Banco de Sangue de Cordão Umbilical do Hemocentro que também é órgão integrante da Rede BrasilCord. A coleta de cordões é feita no Hospital da Mater (Maternidade do Complexo Aeroporto), que atende parturientes conveniadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

O doador adulto com idade entre 18 e 55 anos pode procurar o Hemocentro de Ribeirão Preto, no campus da USP. O setor de Cadastro Voluntário de Medula Óssea recebe doações diariamente, no horário das 7 às 13 horas e mantém também um posto de coleta no centro da Cidade, que funciona na Rua Quintino Bocaiúva, 470, Ribeirão Preto, de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas e no domingo das 7 às 13 horas. O cadastro consiste em entrevista com apresentação de documento pessoal com foto e retirada de amostra de 10 ml de sangue para o exame de compatibilidade. Os dados ficam armazenados no REDOME para identificação de receptor compatível. O Hemocentro disponibiliza o telefone 0800-9796049 para maiores informações.

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