02/08/2011

As ideias dos cientistas também precisam evoluir

Redação do Diário da Saúde

Evolução da mente humana

No século e meio desde a publicação, de A Origem das Espécies, de Charles Darwin, a teoria da evolução tornou-se a pedra fundamental da biologia moderna.

Mas sua aplicação para a compreensão da mente humana continua a ser controversa.

Durante os últimos 30 anos, a interpretação evolutiva da cognição humana tem sido dominada pelo campo da psicologia evolutiva.

Um ponto de vista desse campo é que a mente humana é composta de uma lista de programas dedicados, cada um formado pela seleção natural para resolver problemas específicos enfrentados por nossos ancestrais da Idade da Pedra.

Assim, todos os seres humanos possuiriam a mesma arquitetura universal, independentemente da geografia ou da educação.

Especulações

No entanto, esta caracterização da mente humana tem sido alvo de críticas, em particular que algumas interpretações são tão especulativas que atingiram a categoria de "histórias evolutivas" - o popular "viajar na maionese".

Agora, está sendo sugerido um novo quadro para a análise evolutiva da mente, que se baseia em trabalhos recentes de uma variedade de temas relacionados.

A proposta está em um artigo publicado na revista científica PLoS Biology por uma equipe de biólogos, psicólogos e filósofos das universidades de Utrecht (Holanda), Cincinnati (EUA) e St. Andrews (Escócia).

Evolução dirigida

O Professor Johan Bolhuis e seus colegas descrevem como o campo da psicologia evolutiva tem sido dominado por um conjunto de pressupostos amplamente aceitos - por exemplo, que o comportamento humano provavelmente não seria mais adaptativo nos ambientes modernos, que a cognição humana é guiada por tarefas específicas e que há uma natureza humana universal.

Segundo eles, novas descobertas e abordagens da genética, da neurociência e da biologia evolutiva questionam essas suposições.

Por exemplo, muitos genes humanos têm sido objeto de seleção recente nos últimos poucos milhares de anos, o que significa que os humanos não podem ser descritos como sendo adaptados apenas para um ambiente da Idade da Pedra.

Achados experimentais e teóricos também sugerem que os humanos desempenham um papel ativo e construtivo, "co-dirigindo" o seu próprio desenvolvimento e evolução.

Como os seres humanos pensam e se comportam varia de indivíduo para indivíduo e de um lugar para outro.

Além disso, evidências experimentais sugerem que as mentes humanas frequentemente utilizam regras muito gerais de aprendizagem, em vez de uma abordagem mais modular da cognição.

Novo paradigma da psicologia evolutiva

"O paradigma atual da psicologia evolutiva fez sentido na década de 1980, quando a modularidade da mente causou furor e todos pensavam que a evolução havia desacelerado.

"No entanto, com o benefício da retrospectiva, podemos ver que esses pressupostos são questionáveis, e agora é claro que o campo precisa de um quadro teórico mais amplo.

"Desenvolvimentos recentes na biologia evolutiva e do desenvolvimento e da ciência cognitiva fornecem algumas rotas novas muito interessantes para a pesquisa. Nós vamos entrar em uma nova fase na disciplina," afirmam os pesquisadores.

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