25/07/2008

Identificadas células-tronco capazes de reparar coluna cervical

Teresa Herbert

Recuperação da coluna cervical

Pesquisadores do MIT (Estados Unidos) identificaram células-tronco no interior da coluna cervical que, se levadas a se diferenciar em mais mais células curativas e menos células cicatrizantes, poderão levar a um novo tratamento não-cirúrgico para as lesões da coluna cervical.

O trabalho, publicado na edição de Julho do jornal científico PLoS Biology, foi feito por Konstantinos Meletis e seus colegas do Karolinska Institute, na Suécia. Os resultados poderão levar a novos medicamentos que poderão recuperar algum grau de mobilidade das mais de 30.000 pessoas ao redor do mundo que ficam paralíticas todos os anos devido a lesões na coluna cervical.

Células-tronco embrionárias e adultas

Em um embrião em desenvolvimento, as células-tronco se diferenciam em todos os tecidos especializados que formam o corpo. Nos adultos, as células-tronco funcionam como um sistema de reparo, repondo células especializadas, mas também mantendo o funcionamento normal de elementos regenerativos, como o sangue, a pele e os tecidos intestinais.

O pequeno número de células-tronco na coluna cervical de um adulto desenvolvem-se lentamente e muito raramente, e não conseguem promover uma regeneração por si próprias. Mas experiências recentes mostraram que essas mesmas células, crescidas em laboratório e retornadas para o ponto da lesão, podem restaurar algumas funções em roedores e primatas paralíticos.

Células-tronco neurais

Os pesquisadores descobriram que as células-tronco neurais na coluna cervical de um adulto estão limitadas a uma camada de células em formato de cubo ou coluna, recobertas por células ciliares, e chamadas células ependimais. Essas células formam a finíssima membrana que reveste os ventrículos cerebrais internos e conecta a coluna central com a coluna cervical.

"Nós conseguimos marcar geneticamente essa população de células-tronco neurais e então acompanhar o seu comportamento," conta Meletis. "Nós descobrimos que estas células se proliferam sobre a lesão na coluna cervical, migram em direção ao ponto da lesão e se diferenciam ao longo de vários meses."

Reparando células nervosas danificadas

O estudo desvendou o mecanismo molecular por trás dos intrigantes resultados nos roedores e primatas e foi um passo adiante: ao identificar pela primeira vez onde se localiza essa subpopulação de células, os cientistas abriram o caminho para a sua manipulação com medicamentos para aumentar a sua capacidade inata de reparar células nervosas danificadas.

"A capacidade das células ependimais em se transformar em diferentes tipos de células nas lesões torna-as muito interessantes sob o aspecto da intervenção médica: imagine se nós pudermos regular o comportamento dessa população de células para reparar as células nervosas danificadas," diz Meletis.

Células ependimais

Quando acontece uma lesão, as células ependimais se multiplicam e migram para a área lesionada, produzindo uma massa de células formadoras de cicatriz e mais algumas poucas células chamadas oligodendrócitos. Os oligodendrócitos restauram a mielina, ou cobertura, das células longas e delgadas células nervosas chamadas axônios, que transportam impulsos elétricos. A mielina é como uma camada isolante plástica sobre um fio elétrico; sem ela as células nervosas não funcionam adequadamente.

"A limitada recuperação funcional tipicamente associada com lesões no sistema nervoso central deve-se em parte à incapacidade dos axônios danificados crescerem novamente e se reconectarem com suas células-alvo no sistema nervoso periférico que aciona nossos braços, mãos, pernas e pés," explica Meletis. "A função dos axônios que permanece intacta depois da lesão em humanos é freqüentemente comprometida pela falta da cobertura isolante de mielina."

Se os cientistas puderem manipular geneticamente as células ependimais para produzir mais mielina e menos tecido de cicatrização depois de uma lesão na coluna cervical, eles poderão potencialmente evitar ou reverter os danos de muitos efeitos debilitadores desse tipo de lesão, afirma o estudo.

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