22/12/2009

Junção de exames ajuda tratar desordem temporomandibular

Rosemeire Soares Talamone - Agência USP
Junção de exames ajuda tratar desordem temporomandibular
Estudo analisou associação das informações sobre os sintomas que caracterizam a desordem temporomandibular percebidos pelos próprios pacientes, com os resultados dos exames clínicos e de eletromiografia.
[Imagem: Ag.USP]

Desordem temporomandibular

A associação de informações sobre os sintomas que caracterizam a desordem temporomandibular (DTM), percebidos pelos próprios pacientes, com os resultados dos exames clínicos e de eletromiografia, exame que registra a atividade dos músculos da mastigação, pode levar a uma análise mais detalhada e, ainda, maior compreensão dos casos de pacientes com DTM.

Essa foi a conclusão do trabalho que reuniu pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto (FMRP) e da Universidade de Milão, na Itália.

Os resultados renderam o prêmio Excelência em Fonoaudiologia 2009 no 17º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e no primeiro Congresso Ibero Americano de Fonoaudiologia, que aconteceu em Salvador (BA).

Problemas da mastigação

"A DTM é caracterizada por dores na face e de cabeça, dificuldade para movimentar a boca e para mastigar, entre outros sintomas, e necessita de tratamento. No processo de avaliação e diagnóstico fonoaudiológico dos pacientes com DTM é importante associar as informações sobre os sintomas percebidos por eles aos resultados dos exames clínico e eletromiográfico, para uma definição mais precisa de cada sintoma presente e das características dos músculos mastigatórios da pessoa como, por exemplo, a simetria de coordenação neuromuscular", diz uma das autoras, Claudia Lúcia Pimenta Ferreira.

Segundo ela, uma melhor compreensão dos casos de pacientes com DTM contribui para o planejamento e acompanhamento do tratamento e da evolução dos casos de forma diferenciada, conforme o grau de severidade do problema.

Eletromiografia

O objetivo do trabalho foi verificar se a eletromiografia de superfície permitiria detectar diferenças objetivas nos músculos mastigatórios entre sujeitos saudáveis, ou seja, sem DTM, e pacientes com DTM leve e severa.

Os pacientes foram divididos em dois grupos, leve e severo. Por meio de um questionário de auto-avaliação dos sinais e sintomas da DTM eles indicaram, numa escala numérica, quanto cada sinal ou sintoma era severo, dentre eles ruídos nas articulações temporomandibulares (ATMs), dores na face, nas ATMs, dificuldade para mastigar, abrir e fechar a boca, em quatro situações distintas, ao acordar, ao mastigar, ao falar e em repouso.

"Esse questionário, denominado ProDTMMulti permite definir a presença de um dado sinal/sintoma, bem como a sua severidade de acordo com a percepção dos pacientes."

Jeito de mastigar

Segundo Cláudia, pessoas com dor nos músculos mastigatórios podem desenvolver estratégias musculares para manter a estabilidade do sistema e minimizar a dor e o custo metabólico.

"Juntamente com as características anatômicas e funcionais da pessoa, isso pode determinar a forma como ela passa a ativar a musculatura elevadora da mandíbula, o que muitas vezes ocorre de forma adaptada ou compensatória e quebra o equilíbrio do sistema com o passar do tempo, agravando ainda mais a dor e outros sintomas", revela.

Já o exame de eletromiografia permitiu a análise de alguns índices como simetria de coordenação neuromuscular, torção da mandíbula, distribuição antero-posterior das cargas nas arcadas dentárias, entre outros. "Depois disso, buscou-se verificar se havia diferenças objetivas, fornecidas pelos índices da eletromiografia entre os pacientes com DTM leve e severa e entre estes e sujeitos controle", esclarece.

Dados objetivos e percepções

Os resultados mostraram que o exame eletromiográfico foi compatível com os escores que os pacientes atribuíram no protocolo para determinação dos sinais e sintomas de DTM.

"Podemos afirmar que esse trabalho demonstrou uma relação entre os dados objetivos, coletados por meio da eletromiografia, e a percepção do próprio paciente quanto aos seus sintomas, coletados com o ProDTMMulti."

Segundo a pesquisadora, as diferenças observadas por meio da eletromiografia apontaram que o grupo com DTM leve apresentou valores abaixo da normalidade, mas não chegou a ser estatisticamente diferente em relação ao grupo controle. O grupo com DTM severa teve os valores significantemente diferentes do grupo controle e do grupo com DTM leve.

"Todo esse processo, com valores piores para os pacientes classificados como portadores de uma DTM severa, influenciam na definição das metas e condutas de tratamento, que devem ser também direcionadas à busca do restabelecimento das condições de simetria e coordenação neuromuscular, bem como da funcionalidade do sistema estomatognático e não somente à remissão dos sintomas", conclui.

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