31/10/2012

Descoberto mecanismo de defesa antioxidante de bactérias

Com informações da Agência Fapesp

Alternativa aos antibióticos

Quando bactérias patogênicas invadem o corpo humano, as células hospedeiras liberam substâncias tóxicas para tentar se livrar da presença indesejada.

Uma nova pesquisa, feita na Universidade de São Paulo (USP), desvendou um dos mecanismos pelos quais certos tipos de bactérias se defendem desse ataque.

Os resultados abrem caminho para a descoberta de moléculas capazes de inibir o sistema de defesa bacteriano e dificultar o avanço da infecção.

A pesquisa faz parte de uma nova abordagem que busca uma alternativa aos antibióticos para o enfrentamento das infecções.

Em vez de matar as bactérias, o que leva ao desenvolvimento de resistência, a nova linha de pesquisa está buscando incapacitar as bactérias, para elas deixam de causar as infecções.

Oxidação fatal

A pesquisa foi feita com a Chromobacterium violaceum, microrganismo que afeta principalmente o fígado e a pele de indivíduos com o sistema imunológico comprometido.

"A C. violaceum é uma bactéria oportunista. Pretendemos explorá-la como modelo para estudar patogenicidade porque ela já teve seu genoma sequenciado e é relativamente fácil manipulá-la geneticamente", explicou Luis Eduardo Soares Netto, coautor da pesquisa realizada pelo Dr. José Freire da Silva Neto.

Os cientistas investigaram o mecanismo de produção de uma enzima usada pela bactéria para decompor o peróxido orgânico, substância oxidante liberada pelas células hospedeiras após a invasão.

"O peróxido orgânico causa estresse oxidativo na bactéria, o que dificulta sua reprodução e pode levá-la à morte. Para se defender, o patógeno produz uma enzima antioxidante chamada Ohr. A produção dessa enzima, por sua vez, é regulada por outra proteína - que atua como fator de transcrição - chamada OhrR", contou Netto.

Testes em animais

O mesmo mecanismo de defesa também está presente em outros gêneros de bactérias, como Streptococcus e Pseudomonas - ambos causadores de doenças respiratórias, infecções cutâneas e sepse em humanos.

Também está presente em fitopatógenos como a Xylella fastidiosa, que causa nas laranjeiras a doença clorose variegada de citros, popularmente conhecida como praga do amarelinho.

"Agora que sabemos como a bactéria se defende, podemos pensar em meios para driblar esse mecanismo. Uma possibilidade seria inibir a produção da enzima Ohr. Outra seria ativar a produção de OhrR, para anular o sistema antioxidante", disse Netto.

O primeiro passo da pesquisa será avaliar a inibição do mecanismo em experimentos animais.

"[...] se conseguirmos desenhar uma molécula que atue sobre essas proteínas, ela teoricamente teria ação específica sobre a bactéria, sem efeito colateral para o hospedeiro", afirmou Netto.

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