19/03/2015

Médicos estão superestimando risco de ataque cardíaco

Redação do Diário da Saúde

Calculadoras de risco

A maioria dos sistemas de cálculo de risco usados por médicos para avaliar as chances dos pacientes de sofrer um ataque cardíaco superestima significativamente a probabilidade do evento cardiovascular.

Os médicos normalmente usam sistemas de avaliação de risco padronizados - também chamados algoritmos - para decidir se cada paciente precisa de exames de acompanhamento, drogas redutoras de colesterol ou apenas da chamada "vigilância ativa", ou observação vigilante, e de cuidados preventivos.

Esses algoritmos calculam a probabilidade de um ataque do coração usando uma combinação de fatores, tais como sexo, idade, tabagismo, níveis de colesterol, pressão arterial e diabetes, entre outros.

Ocorre que quatro em cada cinco das "calculadoras clínicas" mais amplamente utilizadas superestimam consideravelmente o risco, incluindo a mais recente, lançada em 2013 pela Associação Americana do Coração e pela Faculdade Americana de Cardiologia.

Conversa entre médico e paciente

Todas essas conclusões são de Andrew Paul DeFilippis e Michael Blaha, que publicaram sua avaliação na revista Annals of Internal Medicine, indicando que já havia dúvidas sobre a precisão dessas calculadoras de risco.

Eles ressaltam os perigos do excesso de confiança nesses algoritmos padronizados e destacam a importância da avaliação de risco individualizado, incluindo variáveis adicionais, como outras condições médicas, histórico familiar de doença cardíaca precoce, nível de atividade física e a presença e quantidade de formação de cálcio nos vasos do coração.

"Nossos resultados revelam uma falta de precisão preditiva das calculadoras de risco e destaca a necessidade urgente de reavaliarmos e aperfeiçoarmos nossas técnicas de avaliação dos riscos existentes," disse Blaha.

"A mensagem para levar para casa é que, por mais importantes que sejam as recomendações [padronizadas], elas são apenas um modelo, um ponto de partida para uma conversa entre o paciente e o médico sobre os riscos e benefícios dos diferentes tratamentos ou estratégias preventivas," acrescentou Blaha.

Remédios desnecessários

Além da segurança do paciente, um cálculo exagerado do risco cardiovascular tem relevância para a saúde pública e de natureza econômica, dizem os pesquisadores.

"Por exemplo, medicamentos para baixar o colesterol, embora claramente justificáveis para pacientes de alto risco, o são menos entre os pacientes de baixo risco," disse DeFilippis. "Portanto, a superestimação do risco pode levar a mais gastos de saúde, menor ganho de saúde e exposição desnecessária aos efeitos colaterais dos medicamentos."

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