26/11/2015

Microcefalia pode ser nova doença, diz especialista

Com informações da Agência Brasil

Sem estudos em toda a literatura médica que relacionem a infecção de gestantes pelo vírus zika com o nascimento de crianças com microcefalia, a neuropediatra Vanessa Van der Linden defende que os novos casos dessa deformidade no cérebro revelam uma nova doença, já que fogem do padrão conhecido.

"Se é provocada pelo zika ou por outro vírus, ou outro agente, não sabemos. O que posso dizer é que os casos não seguem o padrão que a gente vê nas outras pacientes que têm infecção congênita e filhos com microcefalia," explicou Vanessa, que foi a primeira médica a buscar a Secretaria de Saúde de Pernambuco para alertar sobre o aumento do número de casos de crianças com o crânio menor que o normal.

"Um dia, cheguei à UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e tinha três casos de crianças com a cabecinha assim, isso me deixou intrigada, normalmente a gente via uma a cada mês ou a cada dois meses", relatou.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de casos de microcefalia saltou de 147, em 2014, para 739 neste ano, a maioria (487) em Pernambuco.

Microcefalia

A microcefalia é uma má-formação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada.

A neuropediatra esclarece que essa condição pode ter diversas causas, como agentes químicos e infecções por toxoplasmose ou pelo citomegalovírus.

Cada causador provoca um quadro típico, como alteração na visão, na audição ou em outros órgãos.

Segundo a médica, em muitos desses novos casos os recém-nascidos têm comprometimento do coração, "mas a amostra ainda é muito pequena para dizer que está relacionado à nova doença".

Todos os casos detectados no atual surto de microcefalia deram negativo para toxoplasmose e para citomegalovírus.

Microcefalia e zika

A relação entre o aumento de casos de microcefalia e a presença do vírus zika em gestantes foi cogitada mais fortemente há pouco mais de uma semana, quando o Laboratório de Flavivírus, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, constatou a presença do vírus em amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia.

Segundo o Ministério da Saúde, apesar de ser um resultado importante, os dados atuais não permitem confirmar a relação da infecção pelo zika com a microcefalia. Essa correlação está sendo investigada em parceria pelo governo federal e os estaduais.

Os primeiros casos de infecção pelo vírus zika no Brasil foram detectados em Maio deste ano.

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