21/06/2011

O Mito da Abelha Rainha: As mulheres são mesmo chefes ruins?

Redação do Diário da Saúde
O Mito da Abelha Rainha: Porque as mulheres são chefes ruins
Simplesmente colocar as mulheres em posições mais altas e esperar que elas sirvam como mentoras de carreira para outras mulheres não vai funcionar.
[Imagem: Wikimedia/Waugsberg]

Preconceito às avessas

Chefes do sexo feminino têm uma reputação de não serem muito agradáveis.

Algumas apresentam o que é chamado de comportamento de abelha rainha, distanciando-se das outras mulheres e se recusando a ajudar outras mulheres à medida que sobem na hierarquia da empresa ou organização.

Agora, um novo estudo, que será publicado na próxima edição da revista Psychological Science, concluiu que esse comportamento de fato existe.

Contudo, segundo as cientistas, é errado culpar a mulher por este comportamento: a verdadeira culpa caberia ao ambiente machista das empresas.

Sexismo

Belle Derks e suas colegas da Universidade de Leiden, na Holanda, fizeram uma série de pesquisas sobre como as pessoas respondem ao sexismo.

A partir de suas próprias observações de mulheres no local de trabalho, elas acreditam que as mulheres são frequentemente avaliadas por um padrão diferente daquele dos homens: comportamentos que seriam vistos de forma positiva nos homens, como a competitividade, são vistos negativamente quando as mulheres os adotam.

As pesquisadoras queriam verificar se o comportamento de abelha rainha - negar que a discriminação de gênero seja um problema, por exemplo - pode ser uma resposta às dificuldades de um ambiente dominado pelos homens.

Identidade de gênero

Elas aplicaram um questionário para 63 profissionais seniores nos departamentos de polícia em três cidades holandesas.

Uma das primeiras perguntas versava sobre a importância de sua identidade de gênero no trabalho. Por exemplo, foi-lhes perguntado o quanto elas se identificavam com outras mulheres na força policial.

Metade das participantes foi orientada a escrever sobre um exemplo de uma situação em que elas entendiam que ser mulher era prejudicial para elas no trabalho, elas eram discriminadas, ou ouviram outras pessoas falando negativamente sobre as mulheres.

A outra metade foi orientada a escrever sobre uma situação em que seu sexo não representou problema e que elas foram avaliadas por suas habilidades pessoais.

Então as mulheres foram questionados sobre seu estilo de liderança, quão diferentes elas se sentiam de outras mulheres, e se sentiam que o preconceito de gênero era um problema no seu trabalho.

Comportamento de abelha rainha

As respostas dependeram da força da identidade de gênero de cada uma no trabalho, ou seja, da resposta àquela primeira pergunta.

Aquelas que começaram dizendo que se identificavam pouco com outras mulheres no trabalho responderam como uma autêntica abelha rainha - que possuíam um estilo masculino de liderança, que eram muito diferentes das outras mulheres e que o preconceito de gênero não era um problema.

Aquelas que se identificaram fortemente com seu gênero no trabalho tiveram a resposta oposta - que se preocupavam com o preconceito de gênero e que se sentiam motivadas a ajudar outras mulheres em suas carreiras.

Mulheres no topo

O fato de que apenas algumas mulheres adotam o comportamento de abelha rainha, e somente depois de terem sido induzidas a pensar sobre o preconceito de gênero, sugere que, para as organizações que querem mais mulheres no topo, simplesmente colocar as mulheres em posições mais altas e esperar que elas sirvam como mentoras de carreira para outras mulheres não vai funcionar.

"Se você simplesmente colocar mulheres em posições mais altas sem fazer nada sobre o preconceito de gênero na organização, estas mulheres serão forçadas a se distanciar do seu grupo," afirma Derks.

Elas poderão negar a existência do preconceito de gênero ou evitar ajudar as mulheres abaixo delas na hierarquia.

As pesquisadores concluem ponderando o que seria de se esperar de uma chefe que precisa analisar as oportunidades para todo o grupo: "Algumas mulheres vão escolher outras mulheres. Mas por que elas deveriam escolher dentre seu próprio grupo? Os homens não precisam fazer isso," diz Derks.

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