01/11/2017

Movimento "Escolhendo Sabiamente" começou bem, mas precisa evoluir

Redação do Diário da Saúde
Movimento
O outro lado da campanha é esclarecer pessoas que podem estar indo longe demais nos cuidados à saúde.
[Imagem: Choosing Wisely UK/Divulagação]

Evolução da sabedoria

Cinco anos atrás, um grupo de organizações médicas fez algo inédito: Criou uma lista de coisas que os médicos não devem fazer aos seus pacientes. O objetivo é capacitar médicos e pacientes para que eles discutam os tratamentos, evitando medicamentos e procedimentos desnecessários ou mesmo que possam fazer mais mal do que bem.

Depois de se espalhar pelo mundo, chegando inclusive ao Brasil, essa campanha contra o excesso de exames e tratamentos parece ter virado uma bola de neve grande demais, que não consegue mais rolar por todos os lugares onde precisa ir.

A lista de coisas que os médicos não devem fazer aumentou para mais de 500 itens - de usos específicos de exames e rastreios, até medicamentos e dispositivos médicos específicos. Por trás de cada recomendação há um conjunto de evidências científicas que mostram por que ela não é necessária para pacientes específicos, ou que pode até mesmo prejudicá-los.

Mas, se o mundo quiser realmente eliminar os cuidados desnecessários, o movimento Escolhendo Sabiamente precisa evoluir, defendem Eve Kerr, Sameer Saini e Jeff Kullgren, da Universidade de Michigan (EUA).

Priorizar e ouvir os pacientes

Mesmo depois do surgimento da campanha, o uso real dos cuidados listados apresentou uma diminuição apenas marginal, de acordo com vários estudos. Isso mostra o quanto é difícil ajudar os médicos a pararem de fazer coisas que vinham fazendo por anos sem avaliar a eficácia.

A campanha também conseguiu dar um impulso nas discussões sobre reduções nos custos de saúde, que não é seu objetivo principal, mas ela precisa dar alguns passos específicos para continuar avançando.

"Precisamos ser mais rigorosos e mais inovadores. As recomendações foram um excelente começo e estabeleceram as bases, mas precisamos nos concentrar no uso de métodos fortes para identificar aquelas [recomendações] que farão a maior diferença em qualidade e custo nos cuidados de saúde, e inovar na forma como mudamos a prática e a cultura clínicas," disse Eve Kerr.

Para isso, o grupo listou uma série de recomendações para ajustar o curso da campanha.

Priorizar as recomendações: Novas recomendações devem se concentrar nas práticas mais sobreutilizadas, com base em dados clínicos reais, de modo a causar o maior impacto.

Consolidar as recomendações: Grupos de sociedades médicas devem trabalhar em conjunto para criar recomendações para o atendimento dos pacientes que buscam atendimento para a mesma queixa. Por exemplo, há uma variedade de protocolos lidando apenas com a dor nas costas.

Avaliar os esforços: Deve-se avaliar o impacto das recomendações de forma mais rigorosa, usando métodos que realmente possam permitir checar se as recomendações estão fazendo diferença, e se alguma delas ocasionou consequências não-intencionais. Também deve-se tentar identificar barreiras ao sucesso. Embora esse tipo de avaliação deva incluir impactos relacionados com os custos, a redução de custos não é o principal objetivo da campanha Escolher Sabiamente, lembram os pesquisadores.

Considerar as preferências dos pacientes: As recomendações devem levar em consideração as prioridades dos pacientes e os resultados preferenciais de cada um, levando em conta as diretrizes e avaliações e certificando-se de que os pacientes entendem as recomendações que os afetam.

Compartilhar as melhores práticas: As organizações de saúde e governamentais devem se associar a instituições que estão fazendo esforços sérios para ajudar seus provedores a seguir as recomendações Escolhendo Sabiamente, e a pesquisadores que possam ajudar a melhorar a inovação e o rigor das intervenções e avaliações.

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