09/07/2012

Mutações genéticas não explicam aumento do câncer na velhice

Redação do Diário da Saúde

Câncer e idade

Os dados mostram muito claramente que a incidência de câncer aumenta com a idade.

Mas por quê?

A explicação dada pelos cientistas até agora era que o corpo vai acumulando mutações genéticas causadoras do câncer - as chamadas mutações oncogênicas -, que aumentam com o passar do tempo.

Um maior número de mutações significaria então uma maior chance de desenvolver a doença.

Mas, além dessa hipótese não se sustentar logicamente, não foi isto o que os experimentos mostraram.

Alterações nas defesas

Em vez de mutações genéticas danosas, são as alterações características nos tecidos, que ocorrem com o envelhecimento, que aumentam a incidência de câncer.

"Se você olhar para o Mick Jagger em 1960, e compará-lo com o Mick Jagger de hoje, é óbvio que a paisagem dos seus tecidos mudou. E é essa mudança, não a acumulação de mutações genéticas causadoras de câncer, que controla a maior incidência de câncer conforme envelhecemos," disse o Dr. James DeGregori, da Universidade do Colorado (EUA).

Ou seja, não é o ataque do câncer que aumenta com o passar dos anos, é nossa capacidade de defesa que diminui.

Hipótese das mutações oncogênicas

O pesquisador destaca pelo menos quatro razões pelas quais a "verdade científica" das mutações genéticas causadoras de câncer precisa ser deixada de lado, em benefício das novas evidências.

Em primeiro lugar, assim que paramos de crescer, no final da adolescência, já acumulamos uma grande quantidade de mutações genéticas, que manteremos por toda a vida.

"Há uma incompatibilidade entre a curva de mutações e a curva de câncer", disse ele, destacando que, se a teoria anterior estivesse correta, deveríamos ter um pico de incidência de câncer por volta dos 20 anos, quando a taxa de mutações atinge seu maior nível. E isto decididamente não ocorre.

Em segundo lugar, tecidos saudáveis, estão repletos das chamadas mutações oncogênicas. "Essas mutações são muitas vezes mais comuns do que os cânceres associados com elas," disse.

Ou seja, mais mutações não significam mais câncer - nem ao longo da idade e nem mesmo em tecidos específicos.

Em terceiro lugar, como evoluímos de seres unicelulares, de vida curta, para seres complexos, multicelulares, e de vida longa, tivemos que desenvolver complicados mecanismos para manter nossos tecidos saudáveis e evitar doenças conforme nosso tempo de vida aumentava.

"Mas nós não somos melhores em evitar mutações do que nossos parentes leveduras ou bactérias," diz o pesquisador. "Se evitar mutações fosse a chave para evitar o câncer, nós deveríamos ser melhores em fazer isto do que realmente somos."

E, finalmente, se esses oncogenes fossem os supervilões que os cientistas têm apregoado ao longo dos anos, capazes de avançar e dominar os tecidos ao seu redor, então introduzir esses oncogenes em células-tronco deveria ajudar essas células a proliferar, e não danificá-las.

"Em vez disso, células-tronco que apresentam esses oncogenes tendem a ser eliminadas," disse DeGregori, exatamente o contrário do que ocorre quando o oncogene está realmente associado com o câncer.

Deterioração dos mecanismos de defesa

Em vez de acumularmos mutações até que elas atinjam um nível capaz de nos causar câncer, DeGregori defende que, conforme envelhecemos, os mecanismos que os jovens têm para se defender do câncer, se deterioram.

Assim, as células saudáveis em um corpo jovem superam rapidamente as células com mutações cancerígenas.

Mas, "quando o tecido envelhece, as células saudáveis não são mais perfeitamente aptas para o novo ambiente, e as mutações ajudam as células de câncer a se adaptarem de uma forma que a célula saudável não consegue mais," propõe ele.

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