12/11/2011

Genética torna músculos duas vezes mais fortes

Redação do Diário da Saúde
Nocaute genético torna músculos duas vezes mais fortes
Os cientistas alertam que a descoberta poderá ser mal utilizada por atletas, no chamado doping genético.
[Imagem: Li et al./Cell]

Doping genético

Cientistas suíços usaram uma técnica de engenharia genética, chamada nocaute genético, para criar o que eles chamam de "super-camundongos e vermes maratonistas".

O enorme ganho muscular dos animais foi obtido pela redução da função de um inibidor natural, que se mostrou responsável pela força e pela resistência dos músculos.

Os cientistas afirmam que a pesquisa poderá levar a novos tratamentos para degenerações musculares causadas pelo envelhecimento ou por doenças genéticas.

Mas alertam também que os resultados poderão ser mal utilizados por atletas, naquilo que já é conhecido como doping genético.

Ativadores e inibidores

Atuando sobre um único receptor, chamado NCoR1, Johan Auwerx e seus colegas conseguiram controlar a expressão de genes que atuam sobre o desenvolvimento muscular, criando animais cujos músculos têm o dobro da força dos músculos dos animais normais.

O processo de transcrição, pelo qual proteínas são produzidas por um organismo em resposta a instruções contidas em seu DNA, obedece a dois tipos de fatores: ativadores ou inibidores.

Embora ainda não seja um processo suficientemente conhecido, em princípio esses fatores ativadores ou inibidores respondem à concentração de determinados hormônios no corpo.

Os pesquisadores conseguiram suprimir o inibidor NCoR1, que normalmente funciona dosando, ou restringindo, o desenvolvimento dos tecidos musculares.

Na falta do inibidor, os músculos se desenvolvem mais

Supercamundongos

Os supercamundongos se revelaram verdadeiros maratonistas, correndo mais rápido e cobrindo distâncias maiores - praticamente o dobro dos animais comuns.

Exames microscópicos revelaram que os músculos dos supercamundongos são mais densos, os músculos são mais maciços e as células musculares contêm maior número de mitocôndrias, as organelas que suprem energia para as células.

Os mesmos resultados foram observados em vermes nematóides.

Quando os cientistas induziram a obesidade nos supercamundongos, eles verificaram que os animais ganharam peso sem adquirir as doenças relacionadas à condição, como o diabetes.

Efeitos colaterais

Os estudos não compararam o tempo de vida dos supercamundongos, embora os cientistas aleguem "não ter sido verificado ainda nenhum efeito colateral deletério".

Agora o grupo quer tentar descobrir formas de conseguir a inibição do fator por meio de medicamentos, uma vez que a manipulação genética não seria adequada para seres humanos.

Pelo menos não eticamente: se os resultados forem confirmados em humanos, não há dúvidas de que o avanço irá atrair a atenção de atletas e médicos do esporte.

"Será importante que as autoridades responsáveis por exames anti-doping monitorem se esses tratamentos não são usados de forma não-autorizada," alertou Auwerx.

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Genética

Atividades Físicas

Ética

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.