16/01/2009

Descoberta nova forma de transmissão do HIV do homem para mulher

Redação do Diário da Saúde
Descoberta nova forma de transmissão do HIV do homem para mulher
Esta ilustração mostra como o HIV escorrega entre as células da pele fracamente conectadas para atingir seus alvos no sistema imunológico, tais como as células de Langerhans (laranja), macrófagos (roxo), células dendríticas (verde) e células T CD4 positiv
[Imagem: Ann Carias]

Barreira ineficaz

Até agora os cientistas acreditavam que o revestimento interno normal do trato vaginal era uma barreira efetiva à invasão do HIV durante o intercurso sexual. Eles acreditavam que o vírus, que é grande, não conseguiria penetrar esse tecido.

Mas uma nova pesquisa feita na Northwestern University (Estados Unidos) demonstrou pela primeira vez que o HIV de fato consegue penetrar o tecido vaginal normal e sadio de uma mulher até uma profundidade onde ele pode ter acesso às células do sistema imunológico que ele vai atacar.

Como a transmissão sexual do HIV funciona

"Este é um resultado importante e inesperado," afirma Thomas Hope, coordenador da pesquisa. "Nós tivemos um novo entendimento de como o HIV pode invadir o trato vaginal feminino."

"Até agora, a ciência realmente não tinha idéia sobre os detalhes de como a transmissão sexual do HIV realmente funciona. O mecanismo era muito obscuro," diz o cientista.

Acreditava-se que o HIV somente conseguia penetrar no organismo da mulher por pequenas lesões no canal vaginal, que podem ocorrer durante a relação sexual ou serem causadas por outros vírus, como o da herpes.

Várias formas de transmissão

Outra hipótese era que o HIV invadia o sistema imunológico da mulher através de uma única camada de células que marca o seu canal cervical. "Sempre se pensou que esse fosse o ponto fraco no sistema," diz Hope. Contudo, experiências feitas na África, nas quais as mulheres usaram um diafragma para bloquear o colo do útero não reduziram a transmissão do vírus.

"Um grande erro nesse campo é a idéia de que a transmissão somente se dá de uma forma," diz Hope. "Nossa perspectiva é que os vírus podem infectar as pessoas em mais de uma forma. Nós afirmamos que uma das formas que devem estar nessa equação é que o vírus pode ser transmitido diretamente através da pele," diz ele.

Pele genital

No experimento, os cientistas marcaram os HIV com tintas fluorescentes que os permitiram acompanhar o vírus enquanto ele penetrava o tecido do trato genital feminino, chamado epitélio escamoso, em amostras de tecido obtidas por histerectomia e em modelos animais.

O HIV penetrou a camada de pele genital movendo-se rapidamente. Em apenas quatro horas ele atingiu uma profundidade de 50 micrômetros - equivalente à largura de um fio de cabelo humano. Esta é a profundidade na qual estão localizadas algumas das células do sistema imunológico atacadas pelo HIV.

A pesquisa ainda precisará de confirmação e de novos testes. O próximo experimento consistirá na identificação das primeiras células a serem infectadas no epitélio, um local onde o vírus não era procurado nas pesquisas anteriores.

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