17/07/2017

Paracoccidioidomicose: Conheça a doença causada por fungo inalado com a poeira

Com informações da Agência Fapesp
Paracoccidioidomicose: Conheça a doença causada por fungo inalado com a poeira
O fungo Paracoccidioides brasiliensis pode ser inalado com a poeira e causa uma doença grave.
[Imagem: Wikimedia Commons]

Doença causada por fungo

Com nome difícil de pronunciar e praticamente ausente do noticiário, a paracoccidioidomicose (para-cocci-dioido-micose) é uma doença endêmica grave que afeta um a três de cada 100 mil habitantes no Brasil - em especial trabalhadores rurais.

O contágio ocorre quando, ao revolverem a terra na lida do campo, as pessoas inalam o aerossol formado pela poeira e outros componentes do solo, entre eles, os fungos do gênero Paracoccidioides - Paracoccidioides brasiliensis e Paracoccidioides lutzii.

"A paracoccidioidomicose (PCM) é adquirida por via inalatória. Os fungos podem ficar em vida latente nos pulmões durante cerca de cinco anos antes de se manifestarem. Se a pessoa infectada não consegue eliminar o agente invasor nos pulmões, a tendência é que este alcance os vasos sanguíneos, se propague para diferentes órgãos e outras áreas do corpo, em especial as mucosas e a pele, gerando, eventualmente, casos bastante graves," explica o professor Zoilo Pires de Camargo, da Escola Paulista de Medicina.

Paracoccidioidomicose

A paracoccidioidomicose - ou micose sistêmica -, que se tornou endêmica no Centro-Oeste do Brasil, mas se manifesta também em outras regiões brasileiras e em outros países da América Latina, em especial nas áreas de expansão da fronteira agrícola, afeta principalmente os homens, pois as mulheres são favorecidas pelo hormônio progesterona, que atua como protetor natural.

"Um dos sintomas é a falta de ar, devido ao comprometimento do parênquima pulmonar. Alcançando as mucosas e a pele, o fungo causa lesões horríveis," afirmou o pesquisador.

O tratamento padrão consiste na administração de sulfanamida, fornecida gratuitamente aos pacientes. "Depois de alguns meses de tratamento com o antifúngico, os sintomas desaparecem. Mas isso não significa que a doença tenha sido debelada. De fato, o Paracoccidioides pode sobreviver no organismo durante anos e recidivar. Tivemos casos de pacientes que, após 10 anos de tratamento, suspenderam o uso da medicação e tiveram recidivas," informou Camargo.

Essa incrível resiliência do Paracoccidioides tem consequências bastante severas porque, considerando-se o cansaço provocado por um tratamento tão prolongado, é compreensível que os pacientes, principalmente os menos informados, suspendam o uso da medicação após o desaparecimento dos sintomas.

Mas, neste caso, além da recidiva, existe o agravante de o fungo apresentar resistência ao antifúngico anteriormente utilizado, o que exige a troca de medicamento. Deve-se registrar também que o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas favorecem a instalação da doença e desfavorecem a cura, devido à debilitação da resistência natural do organismo.

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