29/09/2017

Poses de poder não funcionam, concluem psicólogos

Redação do Diário da Saúde
Poses de poder não funcionam, concluem psicólogos
Parece que nenhuma pose especialmente pensada vai fazer você parecer o que não é.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Postura que aparenta poder

Cientistas norte-americanos ficaram famosos há algum tempo ao publicar um estudo no qual eles concluíram que fazer uma "pose de poder" pode melhorar a vida das pessoas e trazer-lhes resultados reais.

Liderado por Dana Carney (Universidade da Califórnia em Berkeley) e Amy Cuddy (Universidade de Harvard), o estudo original sugeria que essas poses aumentariam a chance de se alcançar sucesso na vida, especialmente se você é "cronicamente impotente por falta de recursos, de baixo nível hierárquico ou membro de um grupo de baixo poder social."

A apresentação do trabalho tornou-se a segunda palestra TED mais assistida de todos os tempos.

Outros pesquisadores, porém, lançaram dúvidas sobre a ciência por trás da afirmação da equipe.

Resultados não apareceram

Uma revista científica chamada Comprehensive Results in Social Psychology (Resultados Amplos em Psicologia Social), acaba de publicar um conjunto de sete estudos, todos os quais tentaram - sem sucesso - replicar os efeitos que a equipe de Berkeley havia dito ter obtido sem seus experimentos com a pose do poder.

Em outras palavras, nenhum dos estudos mostrou efeitos positivos de se fazer uma pose que dê a aparência de poder sobre qualquer medida cognitiva ou comportamental - por exemplo, o quão bem a pessoa se sai em uma entrevista de emprego mostrando-se "posudo".

"Esta nova evidência junta-se a um corpo de pesquisa já existente questionando a alegação dos defensores da pose de poder sugerindo que tornar seu corpo mais fisicamente expansivo - como ficar com as pernas espalhadas e suas mãos em seus quadris - poderia lhe dar mais chances de ter sucesso na vida," resumiu o professor Joseph Cesario, da Universidade Estadual de Michigan (EUA).

"Atualmente, há poucas razões para continuar a acreditar fortemente que manter essas poses expansivas afetará significativamente a vida das pessoas, especialmente a vida das pessoas de baixo status ou sem poder," acrescentou ele.

Todos os estudos agora publicados foram revisados pela professora Dana Carney, uma das autoras da pesquisa da pose de poder original, não tendo sido encontrados vieses que questionassem a validade dos resultados.

Autoilusão

A alegação do estudo original é que assumir uma postura que demonstre autoconfiança, mesmo quando não nos sentimos confiantes, aumentaria esses sentimentos de confiança e teria um impacto sobre a própria chance de sucesso - como em uma entrevista de emprego.

As novas pesquisas não conseguiram chegar a essa mesma conclusão, embora tenham verificado que assumir uma postura corporal expansiva de fato faz com que as pessoas se sintam mais poderosas - mas o efeito acaba bem aí, não se traduzindo em nenhum ganho real.

"Sentir-se poderoso pode ser uma sensação boa, mas só isso não se traduz em comportamentos poderosos ou comportamentos efetivos," disse Cesario. "Estes novos estudos, com mais participantes totais do que quase todos os outros estudos sobre o tema, mostram - inequivocamente - que poses de poder não têm efeitos em nenhuma medida comportamental ou cognitiva".

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