27/08/2009

Saúde do homem era negligenciada no Brasil, diz Ministro

Paula Laboissière - Agência Brasil
Saúde do homem era negligenciada no Brasil, diz Ministro
A não adesão dos homens às medidas de saúde integral leva ao aumento de doenças e também da mortalidade. Do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos, 68% são de homens.
[Imagem: O Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci.]

Homens esquecidos

Ao participar do lançamento da Política Nacional de Saúde do Homem, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou hoje (27) que a ausência de ações na área "incomodava há muito tempo", além de ter sido "negligenciada".

"Temos política de saúde para qualquer coisa que se possa imaginar, mas não para os homens, que vivem uma situação bastante delicada do ponto de vista da mortalidade", disse. Dados do Ministério da Saúde indicam que, a cada três adultos que morrem no país, dois são homens. "Decidi enfrentar esse desafio bastante complexo", afirmou o ministro.

Medo da doença

Para Temporão, os homens têm medo de descobrir que estão doentes. "Eles acreditam que nunca vão adoecer e não se cuidam", avaliou. O ministro reconheceu que o lançamento de um pacote de ações específicas para os brasileiros representa um "desafio" para o sistema de saúde pública, porque vai exigir mudanças estruturais.

"É preciso que o sistema esteja mais sensível. É um desafio também para os gestores estaduais e municipais, para pensarem em estratégias. É preciso que enfermeiras e médicos estejam mais atentos e tenham um olhar diferenciado."

Homens vulneráveis

O secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame, acredita que o plano faz uma espécie de "resgate do compromisso" de destacar a atenção à saúde masculina. Ele lembrou que o homem apresenta "peculiaridades" que o colocam em uma posição "vulnerável".

"Os homens têm mais doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, cânceres, colesterol elevado, diabetes, hipertensão. O quadro de morbidades é maior do que o das mulheres e eles são mais resistentes a procurar ajuda. Têm medo de descobrir a doença em função de serem provedores do lar", destacou o ministro.

Políticas integrais

O representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Diego Victoria, disse que reconhece no Sistema Único de Saúde (SUS) "uma série de fatores que outros sistemas de saúde têm que aprender".

"Esse lançamento é o maior compromisso que poderíamos ter. A regulamentação de políticas integrais e substantivas para o homem é um marco. Há uma completa harmonia de prioridades, dando o exemplo de políticas que garantem na prática a universalização do acesso à saúde."

Política Nacional de Saúde do Homem

A meta da Política Nacional de Saúde do Homem é que 2,5 milhões de brasileiros com idade entre 20 e 59 anos procurem o serviço de saúde pelo menos uma vez ao ano. O pacote de medidas, denominado Política Nacional de Saúde do Homem, prevê o aumento de até 570% na realização de procedimentos urológicos e de planejamento familiar, como a vasectomia.

Dados do ministério revelam que as brasileiras são submetidas ao dobro de cirurgias de esterilização em comparação aos homens. O número de laqueaduras, por exemplo, passou de 58.397 para 61.747 de 2007 para 2008. No mesmo período, as vasectomias caíram de 37.245 para 34.617.

Prevenção para homens

A estratégia do plano é superar obstáculos que impedem os homens de frequentar os consultórios médicos. Na maioria das vezes, segundo o ministério, eles só procuram o serviço de saúde quando a doença já está em estágio avançado. "Em vez de serem atendidos no posto de saúde, eles precisam procurar um especialista, o que gera maior custo para o SUS [Sistema Único de Saúde]", afirma uma nota oficial do Ministério.

O ministério alerta que a não adesão dos homens às medidas de saúde integral leva ao aumento de doenças e também da mortalidade. Do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos, 68% são de homens. Isso significa que, a cada três adultos que morrem no Brasil, praticamente dois são do sexo masculino.

Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado de 63,2 para 68,9 anos de 1991 para 2007, ainda é 7,6 anos abaixo da média das mulheres.

A Política Nacional de Saúde do Homem vai receber um investimento total de R$ 613,2 milhões até 2011 - R$ 105,6 milhões em ações para aumentar o número de vasectomias, de ultrassonografia de próstata e de cirurgias para doenças do trato genital masculino.

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