22/09/2011

Sensibilidade eletromagnética: as doenças da era tecnológica

Redação do Diário da Saúde

Fumaça invisível

Os riscos à saúde da poluição eletromagnética da chamada tecnologia wireless parece estar seguindo o mesmo rumo do que ocorreu há mais de um século com o cigarro.

No início, "especialistas" anunciavam que o prejuízo do tabaco era pequeno demais, irrelevante, que as pessoas tinham "direito ao prazer", e outros "argumentos" bem documentados nos registros históricos.

Agora, os "especialistas", que dificilmente se identificam, defendem com ardor que "nada está provado" sobre os riscos causados por uma exposição excessiva a altas taxas de radiação eletromagnética - as ondas de rádio emitidas, entre outros, pelos celulares e pelas torres de telefonia celular.

Como, em outra época, os prejuízos do tabaco seriam "pequenos demais", agora é a potência das ondas de rádio que é "pequena demais" para afetar a saúde das pessoas.

Prazos curtos

De fato, ainda há poucos estudos na área e, sobretudo, estudos de longo prazo. O que é natural, porque a tecnologia tem um "curto prazo" de vida, não tendo havido ainda tempo para estudar seus efeitos a longo prazo.

Exatamente como acontecia com o cigarro - demora até algumas décadas para que o câncer de pulmão causado pelo fumo apareça.

Mas os primeiros estudos mostram alguns resultados preocupantes:

São igualmente preocupantes os efeitos da convivência das populações com as torres de alta tensão, outro elemento da poluição eletromagnética:

Política do avestruz

O elemento mais preocupante, contudo, é a constante declaração das autoridades de saúde de que não haveria "evidências" suficientes para qualquer ação.

Como se todas as autoridades de saúde não soubessem que as principais ações devem ser feitas na prevenção.

E "evidências", segundo os dicionários, são demonstrações irrecorríveis, que falam por si próprias - ora, então o que as autoridades de saúde querem aparentemente são mártires, pessoas que mostrem de forma irrecorrível que sofreram com o problema.

O que se espera das autoridades de saúde, atuantes na prevenção, é que elas tomem providências ante os primeiros "indícios" de que algo pode estar saindo em desacordo com o esperado.

No caso dos telefones celulares, e da radiação eletromagnética como um todo, a principal medida preventiva seria aceitar a discussão aberta sobre o tema, uma discussão que incorpore os fabricantes e os cientistas que desenvolvem as tecnologias.

Somente assim o mercado poderia ser dirigido para fabricar produtos que não se enquadrem nos fatores de risco que os primeiros estudos começam a levantar - uma potência elevada demais dos aparelhos portáteis, por exemplo.

Hipersensibilidade eletromagnética

Um campo de estudo privilegiado são as pessoas com hipersensibilidade eletromagnética, uma doença registrada em pequenos níveis em todas as partes do mundo mas que, estranhamente, ainda não é formalmente reconhecida pela Organização Mundial de Saúde - os casos são poucos, mas são em número muito mais elevado do que algumas síndromes genéticas há muito tempo reconhecidas.

Há até um local específico para estes estudos: a região de Green Bank, no Estado da Virgína (EUA), onde há uma enorme instalação de radiotelescópios. Como os equipamentos não podem sofrer interferências, a região foi declarada "zona livre de ondas de rádio".

Lá, nenhum telefone celular ou conexão sem fios à internet funciona.

Isso está transformando a área de 33 mil quilômetros quadrados em um verdadeiro ímã de atração para as pessoas com hipersensibilidade eletromagnética, que encontram lá um verdadeiro paraíso.

Síndrome neurológica

Foi essa situação privilegiada que atraiu também o professor Andrew Marino, da Universidade do Estado da Louisiana (EUA). Para ele, é necessário aceitar que os campos eletromagnéticos no ambiente podem produzir sintomas nos seres humanos.

Marino e sua equipe acabam de publicar um estudo no International Journal of Neuroscience, intitulado "Hipersensibilidade eletromagnética: Evidências de uma Nova Síndrome Neurológica".

O estudo demonstra, pela primeira vez, que existe uma relação entre as dores e as queimaduras na pele dos pacientes com hipersensibilidade eletromagnética e a frequência eletromagnética dos campos a que estão sujeitos.

"Em um procedimento duplo-cego EMF [campo eletromagnético] especificamente projetado para minimizar pistas sensoriais involuntárias, o sujeito [voluntário sendo estudado] desenvolveu dor temporal, dor de cabeça, espasmos musculares e aumento nos batimentos cardíacos 100 segundos após o início da exposição," conclui o estudo.

Orgulho científico

A esperança é que estudos como este quebrem o "orgulho acadêmico" da grande maioria dos cientistas, que ainda acreditam que demonstrar que a tecnologia pode afetar a saúde humana os coloca "contra a corrente" - e a maioria não quer encarar temas difíceis ou não tem a força necessária para enfrentar correntezas.

O que não deixa de ser espantoso é ter que convencer os cientistas disto, uma vez que todo o sistema nervoso humano, incluindo o cérebro, trabalha com correntes elétricas mínimas, o que torna o corpo humano altamente suscetível a campos eletromagnéticos externos, sobretudo se são campos magnéticos de alta potência.

Esses "cientistas do atraso", que pretensamente querem defender a tecnologia, já fariam um ótimo serviço à população se parassem de se contrapor a uma ideia sobre a qual são totalmente ignorantes, uma vez que se recusam a estudá-la.

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