04/02/2009

Sentimento da empatia é detectado no cérebro

Redação do Diário da Saúde

Colocando-se no lugar do outro

É possível compartilhar a dor que você observa em outra pessoa, mas que você nunca experimentou em seu próprio corpo?

Neurocientistas dos Estados Unidos utilizaram as mais sofisticadas técnicas de imageamento cerebral para tentar descobrir a resposta a esta questão. Eles estavam interessados em encontrar os fundamentos do sentimento da empatia diretamente nos circuitos do cérebro.

E eles encontraram, demonstrando que as pessoas capazes de sentir empatia - um sentimento geralmente descrito como a capacidade de se colocar no lugar do outro - sentem de fato o que percebem nas outras pessoas.

Perspectiva do outro

As imagens dos cérebros dos participantes do estudo mostram padrões similares de atividade neuronal quando as pessoas sentem suas próprias emoções e quando elas observam estas emoções em outras pessoas.

O estudo sugere que uma pessoa que nunca experimentou de fato um sentimento específico visto no outro tem dificuldade em ter empatia por meio do mecanismo chamado "espelhamento," que usa a própria experiência anterior para avaliar o sentimento do outro.

Em vez disso, a pessoa que sente a empatia utiliza um processo chamado "tomada de perspectiva," de natureza altamente inferencial.

Pessoas com insensibilidade à dor

"Pacientes com insensibilidade congênita à dor oferecem uma oportunidade única para testar esse modelo de empatia, explorando como a falta de representação da dor em si mesmo pode influenciar a percepção da dor dos outros," explica o Dr. Nicolas Danziger, do Hospital Pitie-Salpetriere, em Paris (França).

O Dr. Danziger e seus colegas já haviam descoberto anteriormente que os pacientes com insensibilidade congênita à dor (CIP - Congenital Insensitivity to Pain) subestimam a dor das outras pessoas quando não lhes é dada informação emocional suficiente.

Ou seja, estas pessoas dependem inteiramente de sua capacidade de empatia para avaliar de forma mais completa a dor das outras pessoas.

Ativação cerebral

Neste estudo, os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética funcional (fMRI) para comparar os padrões de ativação cerebral nos pacientes com CIP e em voluntários sem esta disfunção.

Foi pedido aos participantes que avaliassem o sentimento de uma pessoa em fotografias que mostravam expressões faciais de dor ou partes do corpo em situações que claramente estavam produzindo dor.

Os pacientes incapazes de sentir dor apresentaram uma menor ativação das regiões visuais do cérebro, um resultado que indica que a visão da dor dos outros desperta neles menos emoções.

Registro neurológico da empatia

Por outro lado, nos pacientes com CIP, mas não nos pacientes de controle, a capacidade para a empatia prevê com altíssima precisão a ativação das linhas centrais das estruturas cerebrais envolvidos nos processos ligados às suposições sobre o estado emocional das outras pessoas.

A ativação dessas estruturas centrais do cérebro, segundo os pesquisadores, é a assinatura do processo emocional-cognitivo acionado pela empatia. Como não possuem a experiência da dor arquivada em sua memória, os pacientes com CIP comprovam isso de forma inequívoca.

"Nossas descobertas destacam o papel essencial das estruturas centrais na tomada de perspectiva emocional e na capacidade de entender os sentimentos dos outros, mesmo sem qualquer experiência pessoal prévia desses sentimentos. É o desafio da empatia, frequentemente necessário durante as interações sociais humanas," diz o Dr. Danziger.

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