02/07/2013

Terapia intervencionista para AVC não oferece vantagens

Com informações da Clínica Mayo

A introdução de um dispositivo na artéria cerebral de um paciente que sofre um acidente vascular cerebral (AVC), deveria ser feita apenas em pesquisas e estudos clínicos, e não usada como uma terapia em larga escala.

A conclusão é de uma equipe de neurologistas da Clínica Mayo (EUA), liderada pelo Dr. Kevin Barrett.

"O uso continuado de terapia endovascular do AVC fora de estudos clínicos vai atrasar ainda mais as possibilidades de identificar os pacientes que podem, com maiores chances, de se beneficiar do procedimento, dentro de uma faixa aceitável de risco", disse Barrett.

"Usá-la como parte de uma prática clínica rotineira, sem estudar sua eficácia em um ambiente controlado, vai limitar os avanços da ciência no tratamento do acidente vascular cerebral", acrescentou.

Desentupimento forçado

O método, conhecido de forma geral como terapia endovascular do acidente vascular cerebral, recolhe e remove o coágulo, ou libera medicamento para dissolver o bloqueio da artéria.

Os pesquisadores reconhecem que, como a prática já se disseminou entre os hospitais, sua limitação agora levantará críticas.

Contudo, os estudos mostram que nem todos os pacientes se beneficiam do tratamento, a terapia não é livre de riscos e não oferece vantagens em relação ao tratamento padrão.

O estudo concluiu que a terapia endovascular, usada depois da terapia padrão para AVC - com o ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rtPA - recombinant tissue plasminogen activator) - ofereceu resultados similares de segurança e nenhuma diferença significativa em benefício do uso de rtPA isoladamente.

O uso do rtPA é o padrão de tratamento desde 1996. A droga, aplicada por via intravenosa, se une aos coágulos e os dissolve, para restaurar o fluxo de sangue. Mas, este medicamento precisa ser usado em um período de três a 4,5 horas, contadas a partir do início dos sintomas de AVC.

No caso de o tratamento com rtPA se tornar inseguro, por já ser tardio, ou de haver uma contraindicação para o uso da droga, a terapia endovascular é oferecida usualmente como uma estratégia alternativa de tratamento, em centros especializados em tratamento intra-arterial de AVC.

Mas a análise mostrou que, quando os instrumentos para isso foram aprovados, não haviam estudos comparando sua eficácia com o tratamento padrão.

"Nossa conclusão é a de que a soma de evidências, neste ponto, é a de que a terapia com rtPA deveria permanecer como o padrão de tratamento de pacientes aos quais se pode administrar a droga dentro do período de três a 4,5 horas, depois do início do AVC. E a terapia endovascular do AVC deveria ser usada dentro de um contexto de estudo clínico, sempre que possível", diz Kevin Barrett.

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