30/06/2016

Tratamentos obrigatórios não conseguem reduzir uso de drogas

Redação do Diário da Saúde

Obrigatório e ineficaz

Tratamentos obrigatórios para pessoas com transtornos por abuso de substâncias químicas - uso de drogas - não são eficazes em reduzir o uso de drogas por esses pacientes.

Além disso, a internação e o tratamento obrigatórios motivado ou supervisionado pelo sistema de justiça do país, feito sem o consentimento informado do paciente, viola os direitos humanos e traz mais danos do que benefícios para os dependentes químicos.

A conclusão é de uma equipe internacional liderada por Bulat Idrisov e Karsten Lunze, da Clínica de Pesquisas em Vícios da Universidade de Boston (EUA), com a participação de pesquisadores do Canadá e da Malásia. O grupo avaliou dados de todo o mundo.

Uma das principais constatações é que os países geralmente não têm a capacitação para tratar os transtornos de uso de substâncias químicas.

Isso ocorre porque os governos não são capazes de estabelecer adequadamente um diagnóstico, de oferecer as modalidades terapêuticas adequadas e nem de disponibilizar prestadores treinados em medicina do vício, três elementos necessários para um tratamento eficaz.

Apoio e educação

Os autores argumentam que, para conseguir uma redução efetiva nas taxas de transtornos por uso de drogas, os países devem considerar abordagens que tenham sido testadas e aprovadas em estudos científicos rigorosos. Essas estratégias incluem o tratamento de base comunitária com opiáceos, incluindo a metadona e a buprenorfina.

Além disso, eles sugerem que sejam oferecidos programas de redução de riscos, como trocas de seringas e educação sobre sobredosagem (overdose) de medicamentos, como a naloxona, para pessoas com transtornos por uso de substâncias, bem como para seus amigos e familiares.

"A evidência apresentada neste artigo fornece argumentos adicionais em apoio à posição de todas as organizações das Nações Unidas de que iniciativas de tratamento obrigatório não representam um ambiente favorável e eficaz para o tratamento da dependência de drogas," comentou Fabienne Hariga, assessor do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas, ao ter conhecimento do estudo.

Os resultados da análise internacional foram publicados na revista British Medical Journal (BMJ).

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