20/08/2012

Trechos do DNA mudam de lugar em padrão não aleatório

Com informações da Agência Fapesp

Lixo valioso

Durante anos, os cientistas chamaram grandes seções do DNA, das quais eles ainda não conheciam as funções, de "DNA lixo".

A partir de 2008, começou-se a descobrir que o tal "DNA lixo" era mais importante do que se pensava.

Entre esses segmentos do material genético com informações importantes estão os chamados elementos de transposição, ou transposons.

São fragmentos que, a qualquer momento, duplicam-se ou se destacam de onde estão e se instalam em outras partes do DNA, às vezes junto a genes essenciais, ou até em meio à estrutura desses genes.

Estudos genômicos

Na investigação desses curiosos personagens moleculares, o grupo da bióloga Marie-Anne Van Sluys, na Universidade de São Paulo (USP), ataca o genoma da cana-de-açúcar em bloco - um enfoque inovador.

E mostra que os movimentos desses fragmentos são menos aleatórios do que se imagina e possivelmente têm papel importante na dinâmica do genoma.

Estudos genômicos feitos inteiramente por pesquisadores brasileiros eram incomuns na área, e os primeiros resultados surpreenderam até os editores das revistas científicas, para as quais os artigos foram encaminhados.

Mas a revista acabou publicando o artigo, depois de aceitar o indício de que esses trechos do DNA - também conhecidos como transposons - deveriam ter função, embora ainda não se soubesse qual era.

Linha de produção científica

A partir dos primeiros resultados, e do aumento da capacidade de gerar e analisar enormes volumes de dados, o grupo de Marie-Anne se debruçou de 2009 em diante, em colaboração com colegas do estado de São Paulo, no sequenciamento de mil pedaços seletos do genoma da cana-de-açúcar.

Sua equipe hoje parece uma linha de produção de conhecimento científico, e de certa maneira é: uma série de artigos deste ano traz avanços importantes sobre o funcionamento dos transposons.

O maior destaque vai para o estudo publicado na BMC Genomics, uma colaboração com pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, entre eles Fabio Nogueira, e da Universidade Estadual de Campinas, a exemplo de Renato Vicentini.

De abril a julho de 2012, o artigo foi visto mais de mil vezes no site da revista e ganhou a etiqueta de altamente acessado. "Fomos os primeiros a mostrar molecularmente que os elementos de transposição têm padrões individualizados", disse Marie-Anne.

Movimentos "pensados"

Isso significa que, quando um desses fragmentos de DNA se destaca de sua localização de origem, seu destino não é tão aleatório como se pensava.

Cada família de transposons tem uma tendência maior a se instalar em determinados cromossomos ou regiões cromossômicas.

Ao estabelecer esses padrões, Marie-Anne espera caracterizar como essa interação influencia a ação dos genes.

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