07/04/2008

Variação genética em fumantes pode explicar câncer de pulmão

Agência Fapesp

Suscetibilidade genética

O câncer de pulmão é o tipo de câncer mais comum, com mais de 1 milhão de novos casos a cada ano no mundo. Enquanto os riscos de fumar são conhecidos, pouco se sabe a respeito dos motivos que fazem com que certos indivíduos estejam mais propensos a adquirir o hábito e, conseqüentemente, corram maiores riscos de contrair essa e outras doenças.

Pesquisadores de diversos países, em três estudos independentes, acabam de anunciar a descoberta de uma relação entre variações na seqüência do genoma humano e a suscetibilidade à dependência de nicotina.

A associação de uma determinada região do cromossomo 15, onde se encontram três genes receptores de nicotina, com o risco de contrair câncer de pulmão está descrita em três artigos nas novas edições das revistas Nature e Nature Genetics.

Componente genético do câncer de pulmão

Segundo os editores das publicações, os resultados fornecem uma das mais fortes evidências até o momento de que diferenciações do risco de câncer de pulmão são comuns na população em geral. Que o hábito de fumar contribui significativamente para o risco de câncer de pulmão ninguém duvida, mas até agora não se sabia qual era o componente genético envolvido nesse risco.

Os três grupos responsáveis pelos estudos agora publicados verificaram que seqüências no aglomerado genético da subunidade do receptor acetilcolina nicotínica contribuem para a suscetibilidade à doença.

Quantidade de cigarros

O grupo liderado por Kari Stefansson, da Faculdade de Medicina da Universidade da Islândia e da empresa Decode Genetics, identificou que os alelos presentes no aglomerado dos genes receptores de acetilcolina nicotínica tiveram influência na quantia de cigarros fumados pelos voluntários, estando também associados com o risco de câncer de pulmão e de doenças arteriais periféricas.

Segundo o artigo, por conta da influência no hábito de fumar, a variante no cromossomo 15 implica um aumento de cerca de 30% no risco de câncer de pulmão e de 20% no de contrair doenças arteriais periféricas.

Em outro artigo, Paul Brennan, da Agência Internacional de Pesquisas do Câncer, sediada na França, e colegas sugerem que a suscetibilidade não está relacionada com o status ou freqüência do fumante e apontam relação com uma mudança específica em aminoácidos.

Só o fumo não explica o câncer

No terceiro artigo, publicado na Nature Genetics, o grupo coordenado por Christopher Amos, do Centro do Câncer M.D. Anderson da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, analisou a hipótese de que as variantes genéticas poderiam aumentar o risco de contrair câncer de pulmão por meio da promoção do hábito de fumar. Entretanto, os cientistas verificaram que a associação com o câncer se mostrou independente do hábito.

"O principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão é fumar. Mas o que não entendemos é por que algumas pessoas que fumam há bastante tempo desenvolvem a doença e outras não. Precisamos entender melhor como os fatores genéticos aumentam o risco e que caminhos moleculares estão envolvidos no desenvolvimento do câncer de pulmão", disse Amos.

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