13/01/2016

Zika pode causar outros problemas em bebês além da microcefalia

Com informações da BBC

Lesões cerebrais

Assim como outras viroses e infecções bacterianas - como a rubéola, a toxoplasmose e a sífilis -, o vírus da zika, quando contraído nos primeiros meses da gravidez, pode causar diversos tipos de lesões cerebrais no bebê, além da microcefalia.

A constatação está sendo feita por pesquisadores brasileiros que estão investigando agora a ocorrência de lesões na retina e no nervo óptico, que podem causar perda de visão.

Em artigo divulgado na revista científica The Lancet, a equipe da Fundação Altino Ventura, do Hospital dos Olhos de Pernambuco (HOPE) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descreve uma associação entre a infecção de mulheres grávidas pelo vírus zika e a descoberta das lesões nos recém-nascidos.

Zika e lesões oculares

Os pesquisadores documentaram problemas visuais causadas pela associação com o vírus zika que incluem o distúrbio pigmental da retina (parte do olho responsável pela formação de imagens) e diferentes graus de atrofia da retina, da coroide (estrutura que absorve a luz) e do nervo óptico, que, segundo Belfort, podem causar perda total ou diminuição da visão.

"Quando enviamos este texto para a revista, estávamos começando a examinar os pacientes. Agora, já temos cerca de 100 crianças e 100 mães examinadas em Pernambuco e na Bahia, com resultados semelhantes", conta o oftalmologista Rubens Belfort Júnior, professor da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp.

Para Belfort, os exames também podem revelar se o vírus zika estaria causando problemas visuais mesmo em bebês que não tiveram a microcefalia. "Já temos algumas crianças que não tem microcefalia, mas têm lesões na retina e no sistema nervoso central. Isso tornaria o problema maior e mais grave", afirma.

Busca das razões

O caso brasileiro é o primeiro no mundo que associa o vírus à ocorrência de microcefalia em bebês. Por isso, casos como estes ainda não estão presentes na literatura científica sobre a doença e suas consequências.

Além disso, a dificuldade em diagnosticar a zika depois que a pessoa teve a doença torna difícil saber se todos os casos notificados de microcefalia estão realmente associados ao vírus. Por essa razão, os autores da pesquisa acreditam que o exame nos olhos dos bebês pode ajudar.

"Em todo o mundo, o diagnóstico da zika é quase sempre feito pela exclusão de outras doenças e pela associação dos sintomas. É como na época da descoberta de Aids, quando ainda não havia teste", diz. "Com o exame oftalmológico, podemos identificar as lesões nas crianças e saber se elas podem ter sido causadas por este vírus ou por outras razões."

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