10/04/2013

Meditação torna as pessoas mais compassivas

Redação do Diário da Saúde
Meditação torna as pessoas mais compassivas
"O aspecto verdadeiramente surpreendente deste resultado é que a meditação tornou as pessoas dispostas a agirem virtuosamente mesmo em face de uma norma direta para não fazê-lo."
[Imagem: Northeastern University]

A meditação parece ser uma prática tão benéfica que os cientistas têm-se perguntado "Por que a meditação tem tantos efeitos positivos?".

Ainda assim, a maioria dos pesquisadores tem dado atenção aos benefícios da meditação sobre o cérebro e o corpo, ou seja, sobre o hardware.

Paul Condon e David DeSteno, da Universidade Northeastern (EUA) queriam ir além do corpo, olhando para o "software" humano.

Eles então projetaram um estudo para avaliar se a meditação pode ter um impacto sobre aspectos mais espirituais, como a compaixão e a harmonia interpessoal.

Várias tradições religiosas, sobretudo o budismo, afirmam que a meditação faz exatamente isso, mas os cientistas precisam de suas tradicionais "provas", do tipo que possam ser repetidas por outros pesquisadores de forma sistemática.

No conceito budista, a compaixão é geralmente definida como a capacidade que alguém apresenta para sentir plenamente a situação de uma outra pessoa - de forma mais ampla, de todas as outras pessoas e de todos os seres vivos.

Cenário cruel

Os voluntários foram divididos em grupos, e submetidos a dois tipos de prática de meditação, ambos com duração de oito semanas.

Ao final, eles foram submetidos a testes para avaliar seus níveis de compaixão e interesse pelo sofrimento alheio.

O teste consistiu em um cenário em que um ator entrava com demonstração de dor para participar daquilo que os voluntários acreditavam ser apenas mais uma etapa do estudo.

Além de não saberem que estavam junto a atores e nem que estavam sendo testados, os participantes foram instruídos a não fazer contato com nenhuma outra pessoa na sala.

Mais do que isso, a sala estava cheia de outros atores, instruídos a não ajudar o indivíduo com dor - assim que ele entrava, os demais atores disfarçavam olhando um livro ou mexendo com o celular.

Aí está a prova

Entre os participantes do grupo de controle, que não tiveram qualquer treinamento de meditação, apenas 15% tentou ajudar o ator que chegava aparentando sofrimento.

Entre os meditadores, o nível de auxílio chegou aos 50% - o resultado foi o mesmo para os dois tipos de meditação avaliados.

"O aspecto verdadeiramente surpreendente deste resultado é que a meditação tornou as pessoas dispostas a agirem virtuosamente - ajudando o outro que estava sofrendo - mesmo em face de uma norma direta para não fazê-lo," disse DeSteno.

"O fato de que os outros atores estavam ignorando a dor cria o 'efeito espectador' que, normalmente, tende a reduzir a disposição para ajudar. As pessoas muitas vezes se perguntam 'Por que eu deveria ajudar alguém, se ninguém está fazendo isto?'," comenta o pesquisador.

Estes resultados parecem provar algo que os budistas têm dito há muito tempo, que a meditação leva as pessoas a experimentar mais compaixão e mais amor por todos os seres sencientes.

Mas, mesmo para os não-budistas - nenhum dos participantes era budista e nem havia feito meditação antes - os resultados oferecem uma prova científica de que a meditação altera positivamente as avaliações morais dos indivíduos.

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