07/02/2014

A medicina salva muitos; mas também mata milhares

Com informações da New Scientist
A medicina salva muitos; mas também mata milhares
Enquanto muitos morrem pelas mãos da medicina, nos países mais pobres a ciência e medicina pararam no tempo para 1 bilhões de pessoas.
[Imagem: DNDi]

Você saberia dizer qual é a terceira principal causa de morte nos países mais desenvolvidos?

Dado que o câncer e as doenças do coração são muito citados, você poderia arriscar um palpite nos crimes, nos acidentes de carro, no diabetes ou nos acidentes vasculares cerebrais.

Você estaria errado.

A resposta é: mortes iatrogênicas - aquelas causadas por erros médicos, reações adversas a medicamentos ou infecções hospitalares.

O termo iatrogenia deriva do grego iatros (médico) e genia (origem, causa).

Só nos Estados Unidos, um levantamento realizado em 2000 apontou a ocorrência de 225.000 mortes por causas iatrogênicas por ano.

Quando a Medicina causa mortes

Com toda a capacidade da medicina moderna para aliviar o sofrimento e prevenir mortes prematuras, ela também causa as duas coisas em abundância.

Muitas intervenções médicas acabam tendo consequências negativas e não intencionais, que frequentemente surgem como resultado de pesquisas em busca de melhores tratamentos.

Embora muitas dessas ocorrências sejam facilmente identificáveis - os erros médicos, por exemplo - só agora estamos começando a descobrir seus efeitos mais nefastos.

Veja o câncer. Todos sabem o quanto os efeitos colaterais de uma quimioterapia podem ser perigosos: o tratamento pode enfraquecer o sistema imunológico do paciente a um ponto em que ele morre de uma infecção que, se estivesse sadio, não teria contraído ou nem notado.

Mas os problemas podem ser mais sérios. Descobertas recentes mostram que a capacidade das células tumorais de se espalhar para outras partes do corpo - a metástase - pode ser reforçada pela própria quimioterapia. Em outras palavras, em alguns casos, a quimioterapia pode tornar o câncer mais agressivo.

Ou considere um analgésico comum, que milhões de pessoas tomam para tornar uma gripe mais suportável.

Quando considerados em um nível populacional, esses analgésicos podem estar transformando as pessoas infectadas em propagadores de vírus mais eficientes.

Mais especulativamente, estão surgindo evidências de que as bactérias do intestino podem exercer influência significativa sobre a nossa saúde mental.

Se os efeitos observados nos estudos em animais forem observados também em humanos, poderemos ter de repensar práticas que vão desde o uso de antibióticos e da realização de exames preventivos até os transplantes.

O que se espera é que a comunidade científica e médica enfrente mais abertamente o problema das mortes iatrogênicas - os dados mais "recentes" sobre a questão são de 2000.

E, ao discutir a questão, permita que as decisões sobre medicamentos e tratamentos sejam melhor fundamentadas, e frutos de uma discussão aberta entre médicos e pacientes.

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