10/05/2011

Hospital fortalece prevenção ao tromboembolismo venoso

Luiza Caires - Agência USP

Ambiente hospitalar

Desde março deste ano, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), da USP, tem monitorado mais atentamente o risco de tromboembolismo venoso em seus pacientes.

O hospital passou a adotar um novo protocolo de atendimento para detecção da doença, que verifica aspectos como o motivo da entrada do paciente ao hospital e os procedimentos aos quais será submetido, entre outros.

O sistema, desenvolvido por uma comissão liderada pelo médico Carlos Eli Piccinato, tem como meta diminuir a ocorrência desta doença - bastante frequente em ambientes hospitalares, e que pode levar a quadros fatais de embolia pulmonar.

Tromboembolismo

O tromboembolismo venoso acontece quando se formam coágulos sanguíneos (a trombose) nas veias das extremidades do corpo - em particular nos membros inferiores - ou em outros locais.

O trânsito destes coágulos na circulação venosa pode levá-los aos pulmões, produzindo como complicação a embolia pulmonar.

Por sua vez, a embolia é de difícil diagnóstico e apresenta desde manifestações discretas até dificuldade respiratória e mesmo problemas mais graves, que podem resultar em morte súbita.

Protocolo de atendimento

Todos os pacientes, no momento em que são internados no HCFMRP, têm registrados no sistema informatizado do hospital informações a respeito de sua doença de base e os procedimentos a que serão submetidos. Condições como obesidade, tabagismo e outras também são aferidas.

Com base nos dados, o médico responsável calcula um índice que dirá se o paciente tem baixo, médio ou alto risco de desenvolver o tromboembolismo venoso. "De acordo com este risco, o médico toma as medidas que ele julga mais adequadas para a prevenção do problema", explica o professor Piccinato.

As referências que levam ao cálculo do índice vêm de sinalizações repassadas por grupos internacionais de pesquisadores e entidades como a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Piccinato e sua equipe trabalharam sobre as informações recebidas e desenvolveram um método que mais condizia à realidade do HCFMRP.

Segundo o médico, além de diminuir a ocorrência do problema pela adoção de medidas profiláticas, os dados registrados poderão também ser usados futuramente em pesquisas sobre o tromboembolismo venoso. "A primeira preocupação do Hospital é com a melhoria da qualidade de atenção aos pacientes; por outro lado, os dados podem ser aproveitados também para desenvolver estudos científicos", afirma.

Atualmente, alguns departamentos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, como o de Hematologia e o de Cirurgia Vascular, já contam com grupos de pesquisa e laboratórios dedicados a estudar os vários aspectos do tromboembolismo venoso. O protocolo começou a ser aplicado em 2010 em alguns setores do HCFMRP, e desde 15 de março deste ano está implantado em todo o Hospital.

Riscos do tromboembolismo venoso

A frequência do tromboembolismo venoso é alta: algumas pesquisas atribuem a ele até 10% das mortes de pacientes adultos no ambiente hospitalar, particularmente em hospitais de nível terciário - que tratam de doenças mais complexas -, como é o caso do HCFMRP. A doença é bem mais frequente em adultos, especialmente a partir de 40 anos.

Uma série de fatores, além da idade, favorece o desencadeamento do tromboembolismo, como a existência de doenças graves, tumores em geral, mas principalmente os de pulmão, estômago, próstata e leucemias; realização de cirurgias complexas e longas, como as de quadril, joelho, abdominais e torácicas; internação prolongada; tratamentos como quimioterapia; e a predisposição genética.

Quem passa por uma cirurgia de quadril, por exemplo, tem 50% de chance a mais de desenvolver uma trombose. O mesmo vale para cirurgias de joelho (15%), e outras em geral, quando o risco pode atingir até 25%.

Dentro das unidades hospitalares, a prevenção pode ser feita por ações mecânicas, como o uso de meias elásticas e de bombas pneumáticas, elevação das extremidades, e estímulo para que o paciente se levante e se movimente precocemente, após ser operado. Em termos de medicamentos, os tipos mais utilizados são os anticoagulantes.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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