Hesitação inesperada
Embora a hesitação, ou mesmo a negação, em tomar a vacina contra covid-19 tenha surpreendido a todos, o mais surpreendente é que essa hesitação foi particularmente forte entre os profissionais de saúde.
Como médicos e enfermeiros são "influenciadores" - ou mesmo determinantes - diretos de como a população reagirá nos cuidados da saúde, pesquisadores queriam entender melhor os fatores que contribuem para a hesitação na vacinação entre os profissionais de saúde.
Para isso, Jeanna Leigh e seus colegas de várias instituições e várias formações analisaram dados de 23 países para avaliar as associações entre a hesitação a tomar a vacina e vários fatores sociodemográficos e de percepção da vacina contra a covid-19, incluindo percepções de risco, eficácia, segurança e confiança na vacina.
A pesquisa foi aplicada a 23.000 adultos no Brasil, Canadá, China, Equador, França, Alemanha, Gana, Índia, Itália, Quênia, México, Nigéria, Peru, Polônia, Rússia, Cingapura, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.
Entre os entrevistados, 3.295 se identificaram como profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde.
Resultados preocupantes
As respostas revelaram que, embora a maioria dos profissionais de saúde tenha recebido uma ou mais doses de uma das vacinas contra covid-19, uma parte substancial deles relatou hesitação.
Nada menos do que 15% dos profissionais de saúde, em média, relataram relutância em aceitar uma vacina contra a covid-19, e 4% deles disseram que a recusariam completamente - na relutância, o número variou de 6,5% a 22%, dependendo da categoria profissional.
As preocupações com segurança e risco e a falta de confiança de que as vacinas seriam distribuídas para toda a população foram fortemente associadas à hesitação, mais até do que as preocupações com a eficácia das vacinas. A hesitação vacinal foi mais comum entre os profissionais de saúde de menor renda e, em menor grau, com idade mais jovem - os médicos foram os menos hesitantes.
"Essas descobertas são preocupantes," diz Dean El-Mohandes, da Universidade de Barcelona (Espanha). "uma vez que a hesitação dos profissionais de saúde pode influenciar negativamente as percepções da comunidade, especialmente entre pacientes e familiares, e pode contribuir para a recusa ou atraso na adoção da vacina covid-19."
Hesitação vacinal
A hesitação da vacinação foi definida no estudo como uma demora na aceitação ou a recusa total em se vacinar, apesar de doses e serviços estarem prontamente disponíveis.
Quase um sexto (15,0%) da amostra geral relatou algum grau de hesitação vacinal, mais fortemente entre outros profissionais de saúde (22,0%) e agentes comunitários de saúde (16,8%) do que enfermeiros (13,6%) e menor entre médicos (6,5% ).
As percepções sobre o risco, eficácia, segurança e confiança da vacina foram barreiras significativas à vacinação entre todos os tipos de profissionais de saúde.
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