10/01/2019

Depressão tem subtipos que não respondem a antidepressivos

Redação do Diário da Saúde
Depressão tem subtipos que não respondem a antidepressivos
Outras preocupações incluem o fato de que os antidepressivos podem causar dependência e sintomas de abstinência e a existência de um grande número de efeitos adversos.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Depressão e antidepressivos

Cientistas japoneses afirmam ter encontrado evidências de que a depressão não é uma doença única, podendo apresentar-se em três subtipos bem caracterizados.

Eles descobriram que um desses subtipos parece ser intratável pelos Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRSs), os antidepressivos mais comumente prescritos para a doença - essas drogas também são conhecidas pela sigla em inglês SSRI.

O estudo, publicado na revista Nature Scientific Reports, foi realizado por pesquisadores do Instituto de Okinawa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia (OIST), Instituto de Ciência e Tecnologia de Nara e médicos da Universidade de Hiroshima.

Antidepressivos

A serotonina é um neurotransmissor que influencia nosso humor, interações com outras pessoas, padrões de sono e memória.

O argumento para a venda dos antidepressivos ISRSs é que eles fariam efeito aumentando os níveis de serotonina no cérebro.

No entanto, essas drogas não têm o mesmo efeito em todos os pacientes, em muitos dos quais a depressão simplesmente não melhora mesmo depois de tomá-las - de fato, alguns cientistas argumentam que os antidepressivos fazem mais mal do que bem aos pacientes. "Sempre se especulou que existam diferentes tipos de depressão, e eles influenciem a eficácia da droga. Mas não tem havido consenso," destaca o professor Kenji Doya, um dos autores do estudo.

Em busca de uma conclusão, a equipe coletou dados clínicos, biológicos e de histórico de vida de 134 indivíduos - metade dos quais com depressão e a outra metade sem diagnóstico de depressão - usando questionários e exames de sangue. Os participantes foram questionados sobre seus padrões de sono, se tinham ou não problemas estressantes ou outras condições de saúde mental. Os pesquisadores também examinaram os cérebros dos participantes usando imagens de ressonância magnética (MRI) para mapear os padrões de atividade cerebral em diferentes regiões.

A técnica permitiu examinar 78 regiões cobrindo todo o cérebro, para identificar como suas atividades em diferentes regiões estão correlacionadas. Foram estas correlações que permitiram estabelecer três subtipos de depressão.

Tipos de depressão

Os três subtipos distintos de depressão foram caracterizados por dois fatores principais: os padrões de conectividade funcional sincronizados entre diferentes regiões do cérebro e experiências de trauma na infância.

A equipe descobriu que a conectividade funcional do cérebro em regiões que envolvem o giro angular - uma região do cérebro associada ao processamento da linguagem e dos números, cognição espacial, atenção e outros aspectos da cognição - desempenha um grande papel na determinação se os ISRS eram eficazes no tratamento da depressão.

Pacientes com maior conectividade funcional entre as diferentes regiões do cérebro e que também sofreram um trauma na infância apresentaram um subtipo de depressão que não responde ao tratamento por drogas ISRS.

Por outro lado, os outros dois subtipos - onde os cérebros dos participantes não mostraram maior conectividade entre suas diferentes regiões ou onde os participantes não tinham experimentado traumas na infância - tenderam a responder positivamente aos tratamentos que usam drogas ISRSs.

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