Falo quando não gosto
Pesquisadores descobriram um "efeito de confronto", em que as pessoas são mais propensas a interagir com conteúdos que desafiam suas opiniões do que com aqueles que se alinham a elas.
O estudo analisou dados do Facebook, X e de experimentos online em uma longa janela temporal, incluindo durante as duas últimas eleições presidenciais dos EUA, e descobriu que os usuários frequentemente reagem a pontos de vista opostos com maior engajamento, muitas vezes motivados pela indignação.
"A pesquisa ajuda a explicar a grande quantidade de discurso tóxico que observamos online. Nossos resultados revelam que os indivíduos são fortemente motivados a expressar sua indignação em relação àqueles com quem discordam," disse o professor Daniel Mochon, da Universidade Tulane (EUA).
Os resultados mostraram que os usuários das redes sociais estudadas são muito mais propensos a comentar ou reagir a postagens que contradizem suas crenças, especialmente quando sentem que seus valores fundamentais estão sendo desafiados.
Segundo Mochon algumas plataformas e usuários de mídia social exploram essa raiva latente para gerar engajamento em suas postagens. "As plataformas se beneficiam ao manter os usuários ativos, independentemente de a interação ser positiva ou negativa," disse ele.
Só para contestar
O estudo também mostrou que o engajamento nas postagens nem sempre é um indicador preciso das preferências do usuário. Enquanto o engajamento em áreas como esportes ou moda reflete o interesse, o engajamento político frequentemente decorre da raiva, criando um ciclo vicioso.
Por exemplo, muitos comentários na conta de Kamala Harris, candidata à presidêncai estadunidense, parecem ser de pessoas com visões políticas opostas - esses comentaristas majoritariamente nem mesmo seguiam a conta da candidata.
"Esperamos que nossas descobertas forneçam uma perspectiva mais equilibrada sobre a interação entre ideologia e engajamento online," disse Mochon.
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