Pulverização aérea contra dengue
O epidemiologista e infectologista Roberto Medronho, chefe do departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, descartou a eficácia de uma eventual pulverização via aérea de inseticida contra a dengue.
A intervenção, segundo ele, "traz mais custo do que benefício - acaba tendo um desequilíbrio ecológico muito grande para um benefício muito pequeno".
Tiro sem mira
Para surtir efeito, explicou, seria necessário que uma gotícula lançada pelo avião penetrasse dentro da casa de cada pessoa e fosse ao local onde o mosquito fica durante o dia, que é atrás dos móveis e debaixo das mesas. "E a chance de essa gotícula aspergida lá de cima entrar na residência e localizar o mosquito é muito pequena. Em contrapartida, ela mata outros insetos e rompe, inclusive, uma cadeia alimentar, atingindo pássaros e outros animais que se alimentam de insetos, o que pode trazer problemas", disse.
Falta de pessoas para adoecer
Daí, o infectologista não considerar recomendável esse serviço. "Não há recomendação, nem por parte dos especialistas, nem do Ministério da Saúde de fazer essa intervenção". Roberto Medronho avaliou que a atual epidemia de dengue que se alastra no estado do Rio de Janeiro vai diminuir em função das mudanças climáticas e do esgotamento dos indivíduos suscetíveis. "O número de pessoas que podem vir a ter a dengue está diminuindo cada vez mais porque muita gente está adoecendo".
Fumigação local
O infectologista da UFRJ destacou que o trabalho deve ser feito de forma preventiva. "O que tem que ser feito é antes da epidemia". Para combater a epidemia, ele avaliou que o serviço mais eficaz é a fumigação (aplicação de inseticida) local. "É pegar o inseticida e ir dentro das casas dos indivíduos com o aparelho costal. E passar o inseticida em cada domicílio onde está ocorrendo o número de casos. Esse (trabalho) é realmente efetivo, embora mais longo e mais demorado", analisou.
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